arestas cáusticas
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 25 August 2020a maturidade suspende as narrativas taciturnas que ecoam na minha poesia com investidas que ultrapassam o desalento para nutrirem a sua ardência em campanhas vanguardistas.
a maturidade suspende as narrativas taciturnas que ecoam na minha poesia com investidas que ultrapassam o desalento para nutrirem a sua ardência em campanhas vanguardistas.
recolho as ilusões que sustentei com a alma inflamada por uma intensa harmonia através das baladas ternurentas que germinam num viver emparedado; ou através dos relatos corrosivos que eu enfatizo nos meus pujantes alvoroços.
há gente que tolera o infortúnio para debulhar uma compaixão que se subentende das premissas cáusticas das suas vidas; ou que adquire notoriedade cruzando os seus medos com a glória de mandar; ou que reputa os seus lamentos fazendo emergir a amargura dos desertos citadinos.
reúno as vozes digressivas do meu exílio para questionar onde recuperei a liberdade: se nos desafios dominantes que embriagam os lutadores ou se nas contemplações cheias de desempenhos fulgentes que absorvem os pensativos.
lobrigo o sofrimento na crosta dum mundo que também me oferece as ferramentas para conceber o rosto dum deus resoluto que pregue contra as hostilidades ásperas e cruéis.
O HOMEM E A FORMIGA
Certo dia, um homem estava desempregado e ele tinha três filhos e a esposa para sustentar. Ele já havia procurado emprego em várias empresas, mas, não conseguiu.
Em uma manhã ensolarada, as crianças estavam na escola e então sua esposa disse: não temos nada pra comer, não sei como vai ser quando as crianças chegarem da escola.
O homem respondeu: eu também não sei, mas, Deus vai nos ajudar. A mulher respondeu: Amém!
restauro a minha infância ao transformar as perturbações em cantigas que transfiro para o reduto da inspiração; e prossigo inundando a alma com os lamentos que vou esclarecendo na poesia.
poetizo as desventuras inscritas em tantas pistas assombrosas que eu não soube cursar e em tantos exemplos de rancor que fulgiram no rosto dos meus inimigos; e poetizo o exaspero que originei quando as lúcidas análises destruíram as minhas ligações.
há miscelâneas que me arrebatam quando bloqueio os sobressaltos demarcados pelo meu entendimento ou quando versejo sobre as mesuras que invadem a minha compleição e que eliminam o infortúnio da minha biografia.