Natureza

Paraíso

Oh, quão bela,

bela terra eu habito,

onde tudo é bonito,

bela terra,

paraíso.

 

Não conheço o mundo

como os longevos,

porém, como um menino,

vejo um paraíso.

 

Oh, quão bela,

bela terra eu habito,

porém, terra de nocivos,

bela terra eu habito.

 

Águas claras, cristalinas,

sob aves de rapina,

mas cuidado,

tenha tento,

pois a terra prazível

podes lhe fazer proscrito.

Alvorada

Esplendoroso dia,

um belo amanhecer,

ignorando a nebulosa noite

encanta a alvorada,

 

Inferindo as almas relutantes,

que se negam,

escondem-se,

os pássaros se põe a cantar,

 

Como uma orquestra,

um chamado,

Desde a mais bela ave

o som suave e infindável

adentra aos ouvidos dos que dormem,

 

Avocando as almas contritas,

O som indistinguível

desperta ao inexplorado,

Inexplorado canto do pardal.

Ilha deserta.

Queria percorrer os sítios que já vi sem pensar, fazer o que já fiz… Não é preciso pensar para, ouvir, sentir, respirar… Gosto de viver por impulso, por instinto, procurando… Quando pensamos demais por vezes deixamos de ser quem somos.

Nunca vou conhecer-me totalmente, o pior é que gosto de ser assim, sinto-me atraído pelo desconhecido, por tudo o que é diferente e estranho! Sempre pensei nisso, é quase uma necessidade, tem a ver com a vontade.

Deitado no chão de palha

É bom sentir o mundo, gostava de o abraçar inteiro de uma só vez. Como não posso, tenho que abraçar uma pedra de cada vez e olhá-las com calma, uma por uma, pois todas elas são diferentes e também são vida, tenho que ver o mundo um bocadinho de cada vez e voar baixinho. Comer melancias, pêssegos de agosto, ameixas, peras doces, beber a água fresca das fontes, trepar árvores antigas de olhos fechados, agarrar os varões das pontes, mergulhar lá do alto e confirmar se os peixes ainda se escondem nas mesmas tocas das paredes de pedra do rio.

Balfusca

Parece que já vivi duas vidas muito diferentes, a do campo e a da cidade, a de miúdo e a de adulto. Lembro-me da primeira, ainda consigo ver os pequenos caminhos que nos levavam aos ribeiros, aos poços, às searas e às florestas.

A casa da minha avó ficava junto a um ribeiro. Podia pescar pequenos peixes, enguias e por vezes solhas de água doce; podia nadar, mergulhar de cima de uma nespereira e caminhar na rua dos buchos.

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