Natureza
NOVES FORA
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Tuesday, 20 September 2022
sabe-se do vento
pela sua soberania
pela sua anatomia
sabe-se do vento
pela sua rebeldia
pelas suas cercanias
sabe-se do vento
pela sua alegoria
-noves fora: ventania!
PRIMAVERA
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Saturday, 10 September 2022
Venho depois do inverno
colher rosas amarelas
e juntar todas
em um perfumado buquê
E propor à primavera
uma pausa na estação
para prolongá-la
na cadência dos dias
Época de transe floral
bela e transcendental
lindas orquídeas
colhidas sob a neblina
Tulipas / jasmins / margaridas
de tão acentuado vigor
que as tornam ousadas
feito um hábil sedutor
RAÍZES DE MIM
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Tuesday, 2 August 2022
raízes de mim
vapor de essências
mas não me calha a indiferença
do estar no mundo negligentemente
diante do que sofra ou alegra
porções de mim
íntegro e desintegrado
com feitio de bárbaro relevo
destinando-me o clamor dos lírios
fluido exigente que sou
exalando um jorro incontinenti
como um cântaro derramado
que me assola irremediavelmente
-camurça de dor
ou urro de abrupto langor?
PRENÚNCIO
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Saturday, 16 July 2022
nos meandros do tempo
sobressaem-se nuvens lodosas
encobrindo nas montanhas e terras
uma trágica desolação
-consciente ou não
que irá implicar
no sacrifício de árvores, fauna, e água
para subtrair
do dia: o sustento
(que irá definhar)
da noite: o oráculo
(que nos caberá no julgamento final)
como uma presa rendida
irresoluta
Céu
Autor: Reirazinho on Sunday, 10 July 2022O céu púrpuro tocou-me
A própria arte é a natureza
As nuvens de algodão-doce
Na minha boca adocicam
Meus trovões na revoada
Dianteiros ao meu caos
Um minuto de silêncio
Para a balbúrdia dos ventos...
Cantarolando o bardo se ouve
Batendo as asas joviais
Voe como pena e sem pena,
Seja livre!
Anoitece as várzeas do meu
Vale, e lá os pingos brancos
Plantam o lindo céu.
POR DENTRO
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Wednesday, 29 June 2022
ando
como se tivesse nas pegadas
halteres de fisiculturismo
e quando a chuva
inunda de asas
o êxodo dos insetos
sou o halo da existência
e seu contato com a estação
e
sem querer
me vejo através dos flocos
de voragem
que me desatam a névoa
dos olhos
como borboletas assépticas
soltas
na atmosfera
sem enigma de aragem
ou tolice de hera
CARACOL LUMINOSO
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Tuesday, 10 May 2022
acolhe-me o luar de cobre
sobre este teto nobre
(desejado como o céu das noites
castanhas)
invadido pela ousadia da lua
ou de um caracol luminoso
no atol das contingências naturais
incandescencia de chama
orvalho laminar
que passeia em folhas sem guarida
-provisória estadia
sobre tenras superfícies-
ribeirão que irá findar-se na alva
(fio curvilíneo
de incompreendida ação -
águas que não se retém nas mãos
CARACOL LUMINOSO
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Tuesday, 10 May 2022acolhe-me o luar de cobre
sobre este teto nobre
(desejado como o céu das noites
castanhas)
invadido pela ousadia da lua
ou de um caracol luminoso
no atol das contingências naturais
incandescencia de chama
orvalho laminar
que passeia em folhas sem guarida
-provisória estadia
sobre tenras superfícies-
ribeirão que irá findar-se na alva
(fio curvilíneo
de incompreendida ação -
águas que não se retém nas mãos
Palavras Matam
Autor: Reirazinho on Thursday, 5 May 2022Sou um linguista nato,
corro na floresta
de palavras, mas mato
é o termo que presta.