Pensamento

Sorrir

Dizimaram o amor bonito,
O sorriso infinito
Que se tornou o infortúnio , ruas estranhas e seres frios
Desprotegidas de toda candura
Versos pesados melancólicos
E o que se tem experimentado
Alguns não sorriem,
Algemados a dissabores
Tem se caminhado por diversas dores, açoites
Não enxergam mais , que nas ruas haviam flores e no céu
Arco íris com nítidas cores
Eu queria apenas um tiquinho de tempo a mais
Até Adão conseguiu este tempo
Mas eu desejava um sorrisinho um tanto insensato, devasso

Morte ao sol

Estrela de Rá, sua existência
a mim, é tartamuda!
Seu calor derrete meu humor,
congela meu bem-estar,
estoura o fragor dos tímpanos e
homicida meu amor a ti.
Vossa luz derrama lágrimas
do velcro que separa o bem
e o mal; a vinda da lua: bênção
que socorre a enfermidade.
Soando rancor nas estranhas
dos meus podres órgãos.
O eclipse é a esperança final
de um tempo agradável.
A morte do deus-sol é a missa
que clamo aos domingos.
Minha barganha é sofrer no

Tempero

Como tempero entristecido
A salivar todo desgosto
Boca sem palavras
A fome vem antes do paladar
A justiça antes do alimento
Sabor antigo não pode agradar
Em terrenos secos caminham os pés
Trilhas destinadas ao fim do poço
Não vou prestigiar a noite
Que vem mal acompanhada
Como perfume que não quer perfumar
Humano tem tempo para quase tudo
Menos para o amor o melancolizar
Vive sempre querendo receber um prêmio , pedindo bênção
A quem realmente não pode abençoar
Pois nem tudo deciframos !

AUTO-EXAME

 

AUTO-EXAME

 

-escrevo

para quem?

-para o individual eu?

-ou para um leitor anônimo

com meu pseudônimo?

-escrevo

para me afirmar apenas?

-ou a duras penas

externar meus pensamentos

e idéias

e  (re)conhecer-me

num texto não-premeditado?

-escrevo

o que me aturde

me contamina

me contagia?

-ou talvez pretenda mais

que isto

mais que aturdir

contaminar

contagiar

o leitor/receptáculo

de minha fissão vocabular?

Pages