Prosa Poética

Lençóis de luar

Ser poeta
 
destro nas palavras
 
decifrando a coragem
 
corporeamente fogosa
 
falando em minhas memórias
 
imaturas
 
na rasura do tempo incrustado
 
no palco de todas as efemérides
 
despidas de desejos
 
pintados na raiz de cada velatura
 
 
Ser fúria
 
exposta em cada enrredo

Infinito...tudo...

Quando foi que trocámos
 
nossas confidencias
 
mastigando doces palavras
 
salteadas em gomos de poesia
 
sem mais rompermos o amor
 
com outras divergências
 
 
Quando foi que depositámos
 
neste infinito tudo
 
as sombras carentes
 
permanecendo só em nossos
 
entes irreverentes uma pluma
 

Pelos andaimes do tempo

Minhas recordações jamais
 
serão domadas
 
enquanto seguirmos nos
 
trilhos da vida onde atapetamos
 
cada gomo de solidão
 
conquistada pacientemente
 
no domicílio das nossas loucas
 
e profundas sofreguidões
 
 
No campo de batalha
 
reuniremos as tropas
 
assistindo-nos em cada refrega
 

Derradeira jornada

De uma vez por todas
 
eu sei
 
que não pude desenhar-te
 
como o projecto final
 
A consciência perdeu-se
 
em cada acto meu
 
findo o esboço onde
 
apuramos os beijos
 
que ficaram inconscientemente
 
despidos nos lençóis onde
 
nos embrenhamos tentadoramente
 
 
Tenho hoje só pra mim

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