Prosa Poética

Naufrágio ao luar

Naufragou este luar emborrachado por um licoroso eco semântico
Foi o prelúdio das palavras aconchegadas a um negróide desejo apoteótico
Foi o derradeiro espasmo deixado no velório de cada sussurro tão osmótico
 
Nas vastas planícies da noite escorrega a maresia tão bêbeda, tão impotente

A camuflagem do silêncio

A camuflagem do silêncio é esbelta, serena, pacífica e reverente
Forja da luz subtis fluorescências tão alucinantemente omnipresentes
E de olhos nesta solidão candente amara além o céu vibrante e transparente
 
A camuflagem do silêncio dilui-se no tempo e em cada hora irreverente

Onde caminha o mar...

Caminha o mar sobre as margens da maré tão alta, tão paliativa
Numa amálgama de palavras marulha a maresia ainda mais afetiva
Além uma elástica prece apascenta a fé que brada domada e depurativa
 
Nos caminhos do mar o tempo navega à bolina de uma brisa exaustiva
Irradia aquele reboliço de ilusões coloridas por ondas de afetos imperativos
Quase maquiavélica cada hora flerta um sedento enamorado segundo furtivo
 
Frederico de Castro

Liberdade de expressão

Liberdade de expressão é quando nossa essência expande ao desconhecido. Quando somos folhas transvoando todas as ruas e os novos bairros. Para alguns, as folhas ao vento são uma dança da natureza, bailando o ar no compasso da beleza. Já para outros, as folhas sujam as avenidas, amiudadamente tendo que serem varridas para em seguida serem sujas novamente. Nada mais claro que expressão é o nosso ser interrompido e fomentado ao mesmo tempo.

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