Prosa Poética

Lugar...nenhum

Lugar...nenhum
 
Com pedaços de mim 
eu monto um plácido amanhecer
onde tudo se representa nas minhas
adormecidas invenções 
e dizer-te nada é tudo que minha poesia 
verdadeira em repercussões caladas
ergue perante a soleira
do teu olhar em cinzas derramada
 
sei que jamais pode haver ausências 
que supram nossas saudades
nem da boca palavras que suportem
todas as aparências hoje reveladas

A tristeza não espera

A tristeza não espera
 
E a paz pensamos
poder alcançar
se não houver de todos
um mútuo comprometimento
apenas restará estendido
no labor dos dias o egoísmo 
a crueldade tecida então 
em brados insanos 
cuidadosamente embrulhados
na réstia de esperança
exposta a este tempo inclemente
que porém ainda se aventura
clamando exausto no tempo
sustentado nas profecias

ADÃO E EVA

    65           ADÃO E EVA

E descansou Deus no sétimo dia...

Só havia um casal no paraíso;

Eles não conheciam o bem e o mal; só conheciam sorriso.

 Depois que Adão comeu...

A fruta que a Eva deu;

Aí foi e deu.

Os dois nus no jardim; pobre de mim!

Queria estar lá; mas estou aqui.

O povo multiplicou...

E Deus nunca mais descansou!

E se Ele fizer greve e parar...

O mundo irá acabar.

 

Autora: Madalena Cordeiro...

Falar por falar

Falar por falar
 
Já não falo de mim mais
desisti hoje mesmo
já nem sei até
se tenho alguma saudade 
me lembrando assim
fechei todas as portas
ao coração como um livro, 
cheio de nossas lembranças
em cada palavra adormecida
nas prateleiras da minha saudade
até que o pó dos velhos tempos
chegue e desfaça o corrosívo
desespero meu 
anda que credível
pedindo apenas a todos

Idiossincrasia

Idiossincrasia

Este sentimento dolorido
de tantos dissabores sentidos
De coisas que as vezes
acontecem na vida.
Em horas tão incertas
Uma busca do quase?
Perfeito?
Do jeito que quero?
Ocasionalmente consigo.
incessantemente tento
E busco brigando comigo.
Há vozes que passam por mim.
As vezes eu nem quero ouvir.
E sobras vorazes perturbam meu sono.
É só o abandono em mim
Eu sou o que sou
Eu sinto.
E assim nesta peleja
Eu vou!

O berço da luz

O berço da luz
 
Faíscando a noite
reflectem agora as imensidões
de luz etérea 
flageladas num mar ainda soluçando 
quando se acende 
a fogueira onde alimentamos
as chamas viventes de alegria 
tu que fazes da vida
algo fulgurante e refulgente 
que pasma subtil e se inflama cada dia
caminha comigo na contemplação
do amor terno e gracioso
nesta alegoria poética
que flameja em tanta fantasia

Cumplicidade

Cumplicidade
 
Metade de mim 
partiu daqui
está acolá no infinito céu
reagrupando
todas as estrelas no teu firmamento
 
agora é assim 
sabes
de um lado a poesia bravia
meus sonetos absolutos 
incinerando outros verbos
mais que profanos
contrariando saudades
do outro
fragmentados átomos de beleza
que por aqui se deslumbra

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