Prosa Poética

O passado... passou

O passado...passando, ou começar de novo
 
Assim como ontem 
deixou por fim de existir
assim nada hoje existe mais,por revelar
senão um passado, passando,açoitado
 
passageiro, ligeiro
alienado e tantas vezes aventureiro
sorrateiro me absorvendo até por inteiro
 
neste espaçado e dissimulado tempo
onde o amanhã ainda 
não abriu sequer as pálpebras ao dia
 

Liberdade

Liberdade
 
Ganhei no tempo
toda a tristeza embelezada
em gomos de suposta felicidade
sei que talvez ela me vença
e eu mesmo assim
talvez nunca me convença
pois esta saudade 
aqui jaz semeada
no leito conformado
onde corre a tua ausência 
e onde se afogam ainda
mais arraigados na 
invencível nossa liberdade
toda repleta de esperanças
submergindo oceânicamente

Daquilo que eu sei

Daquilo que eu sei
 
Daquilo que eu sei
pois sei quanto me custa
ter até que admitir
tudo me foi permitido
domar até raios do mesmo sol
quando fascinado se põe num estado febril
pranteando com todos os
meus mais seletos sentidos
numa balbuciada manhã
onde descansamos os corpos carentes
e fartos de tanto amar
tanto velejar bolinando nos ventos
miscigenados na fímbria dos ventos
 

Assimetria

Assimetria
 
Quando percebi a acalmia
abstraída em vagas respostas
que fluem na anorexia do tempo
apenas me alimentei
da minha livre contestação
as resposta sei-as de cor 
depois de adormecer, amadurecendo
aquelas minhas assimetrias desenhadas
na anatomia perspicaz onde
pernoito descansado no esbelto
e contemplativo equador perplexo
 
Depois de esmurecer a tarde
eis que chegam verazes

Absolvição

Absolvição
 
Já é tarde
e recuso-me não 
desfrutar da tua alvorada
ó homem poeta que reescreves
na génese da vida
nunca uma esperança que se adia
no pavio do tempo que arde e mendiga
numa tarde solitária
que assim passou tão abtsraída
 
Já é tarde, eu sei
recolhem-se todas as sombras
imperiais de uma jornada inacabada
porque assim só peço mais um aditamento
à longa eternidade

Volátil

Volátil
 
Resta só mais um dia triste,
os outros virão mais alicerçados
e acaso me esqueça
ainda me resiste um pouco de vigor
pra seguir esta redenção plena de fulgor
avisem-me por onde devo eu seguir
porque nestes caminhos traçados
inocentes e esmiuçados
à tangente poética
prescrevo a retórica delimitada
nos ecos e sussurros da voz
quase rechaçados no tempo
onde me perco neles

Obra de Génio

Obra de Génio
 
Será para sempre meu
este verso prometido
quando se materializar todo o milagre
resgatado entre as preces compelidas
e implementadas no refúgio 
da nossa voraz e impaciente despedida
aqui abandonada 
sem ter mais aquele teu
perfil como cortesia
nem adormecer sózinho sem mais
aquelas tuas apaziguantes fantasias...
 
Rasgo a terra com o arado
desta poesia galvanizada 

Tudo passa...

Tudo passa...
 
Disseram-me ontem
tudo passa
abri então as mãos
pra ver se entre os dedos
minha vida por ali se desenlaça
num laço onde tudo se acaba
esvaziada pelo ar quente
deste imenso verão
que tão tarde de tanto se espreguiçar
não há meio de evaporar
entre tantos sofridos nós confessados
e atados a tudo que se desata enfim
 
Passou por fim
a mesma calma maresia

Ao abandono

Ao abandono
 
Gravito no escuro,
enquanto procuro
no breu da vida
acender um fósforo
que ilumine as sombras
que transitam
pelos armários e cabides
em todos os lugares
fatalmente encurralados
onde afinal nunca
me acharás
ou eu provavelmente
até nunca me esconderei
 
Será que alguém
qual prodígio desta vida imensa
simule a tua voz, o mesmo sorriso

OXALÁ EU TOMARA (do meu livro de imaginar)

Oxalá fosse mar para nas areias brancas finas me [entranhar e acordar] (acabar)
Oxalá fosse homem para uma família e preocupações parentais arranjar
Tomara ser humano para os extra terrestres caírem na Janela do meu sótão
Tomara ser maior para poder os remédios adoentar nas minhas mãos de anão
...
Mas nem o oxalá nem o tomara fazem por ser o que fosse
Nem no mar se fez o homem que apenas humano sonha maior

Pages