Prosa Poética

Paixão

Estás aqui mais dentro que o sangue,

queimas as artérias,

a saliva,

os lábios,

Onde as línguas bebem o meu nada

que tende para os excessos.

 

Ferve-me a boca de desejo,

bebe-me as aflições do meu Mar,

tranca-me a onda de espuma

no teu porto,

pronuncia-me o respirar em cada sílaba do meu nome,

Fere-me o olhar de mulher felina em paixão ardente.

 

Faz nascer Desejos

Teus caminhos põe pedras no rio, e

sobes ao leito da boca onde somos,

duas bocas, duas línguas, e              

sós somos nus,

onde e quando ardemos.

 

A cama  ou a falésia ou a jangada, onde

as permutas de vapores,

de tempestades de incêndio faz-se excessos,

são os meus desejos.

Refluxo de lábio desmaiado toca o fundo infinito.

somos o vento que sopra outra maré,

ardemos ou morremos?

 

Amor

Amor…

duas sílabas que mobilizam o dicionário das palavras,

estás lá, no meu livro,

 silente,

desmaiada,

entre linhas do saber

com a máscara mais verdadeira que o sentir.

 

Gila Moreira 28/01/2014

Livro fechado

Redijo textos em livro fechado,

páginas rasgadas da memória,

com palavras que trespassam o espírito e

preenchem o título do livro “Vida, desejo e Amor”.

 

Dedos cansados,

quentes,

derretem as sílabas que queimam o papel,

poder do verbo em livro fechado.

 

Esquecida e ao teu lado,

sou o livro fechado.

 

Gila Moreira 22/01/2014

Guerreira do Amor

Meus lábios estremecem… quando

a minha boca chama-te,

meu rosto brilha… quando

os meus olhos procuram-te,

teu perfume marca o caminho… onde

o meu silêncio  cheira-te,

meu corpo arrepia… quando

as minhas mãos acariciam-te,

meu peito  desmaia… quando

o meu coração aconchega-te

nesta guerra de Amor.

 

Não sei onde vais respirar,

sempre que esta força repousante do coração aparece,

Dormir

Quero dormir de mim,

ausentar-me,

dormir para não existir.

 

Não procuro descansar,

só quem sabe morrer

termina de ser.

 

Preciso tanto de dormir,

esquecer-me do tempo,

do nada,

do tudo,

nunca pensei que esta escolha me agitasse tanto.

 

O meu corpo não dorme,

reboliço de lençóis se misturam,

durmo como os bichos,

poema

"Num lancinante fundo onde o caos escriba o sexo em prosas que despes ao longo de um precipício, a minha abertura interior, trémulo, concentras-te nas labaredas que ardem e nos afundam num tempo que não é de ninguém, porque a poesia é um nome largo, o grande pulso que reflecte as folhagens em brasa que gemem expelindo impulsos longos, seivas compactas, odores entre as humidades em áreas delirantes, as figuras de estilo nos baixos ventres, a vulva onde o assombro é uma única poça de água, o êxtase onde são visíveis os lábios secretos de um poema"

Luisa Demétrio Raposo

Choro

Porque  choro-te?

Mutação de Amor  que me consome desde do vazio ao espaço,

até a loucura do último momento me consome,

deixa-me sofrer-te,

chorar-te,

só assim posso vestir-te em mim,

sou eu que germino o verbo Amar no meu ventre.

 

Todos os  desejos ecoam no meu  corpo,

 onde e Quando o teu espírito amassa a fome

da minha ânsia.

Nossos caminhos conhecem a luz que nos alimenta.

 

Amas-me?

Eu amo-te.

Responde-me mais dentro do que o sangue,

não sofras só,

Hora da Saudade

Esta é a hora mais longa que em mim adentra,

a Hora da saudade.

Dói-me o pensar de sentir-te em presente ausência.

 

Hoje, jamais se apagará o nome desta hora,

amanheci na página mais amante do meu livro,

a primeira hora da Saudade.

 

Papel vazio que enche a silente hora da Saudade,

demanda perfumada em desejo de viver sem

tempos extintos,

sequestrada tinta que contraria a presença do tacto,

Pages