Prosa Poética

causa primeira

Causa primeira
 
Causa primeira do peixe na folha
Foi olhar Rios bravios, monções
Olhar cristalino
Olhar consiso
Causa primeira do rabisco do peixe 
Foi cheiro acre 
Exercer sentindo do ofato
Causa primeira do peixe foi o mar de arribação
espinha do peixe esqueleto do peixe
Escama do peixe parecendo mil olhares
Causa primeira foi olhar peixeira, Pedra e peixe, todos amarrados em feixes
Em um único nó

Jorge da capadócia

Jorge de Capadócia
 
Jorge
Jorge sentou praça
Na cavalaria
Eu estou feliz
Porque eu também
Sou da sua companhia
Eu estou vestido
Com as roupas
E as armas de jorge
Para que meus inimigos tenham mãos
E não me toquem
Para que meus inimigos
Tenham pés e não me alcancem
Para que meus inimigos
Tenham olhos e não me vejam
E nem mesmo pensamento

partisan

The Partisan
 
 
 
Quando eles vieram pela orla
Eu fui avisado para render-me,
isto é o que eu não poderia fazer.
Peguei minha arma e desapareci.
Eu mudei meu nome tantas vezes,
Eu perdi minha esposa e filhos
mas eu tenho muitos amigos
e alguns deles estão comigo.
Uma senhora nos deu abrigo,
nos manteve escondidos no sótão
então os soldados vieram,
ela morreu em silêncio.

Terna é a noite

Terna é a noite escondida na penumbra das sombras oscilantes
Breve o silêncio que pernoita no felino ondular do tempo delirante
Magnifica a escuridão que se alimenta de elípticas ilusões gratificantes
 
Terna é a noite aconchegada às minhas preces serenas e extasiantes
É Infecciosa como mil sussurros pandémicos, vorazes e intimidantes

Pelo brilho das estrelas

Sigo o brilho das estrelas e da sua luz beberico o mosto 
Das ilusões mais fantásticas…tão absurdamente inexoráveis
Assim se embebeda o cosmos vadiando por breus tão afáveis
 
Sigo o trilho da noite e encontro nos céus aquela
Escuridão quase espampanante, prisioneira de fé exultante

Entre chuviscos

Entre chuviscos o tempo liquefaz-se num desejo impiedoso
No limbo das palavras só o silêncio jaz radiante e suntuoso
Sem pestanejar a dia queda-se entre famintos afagos  maviosos
 
Entre chuviscos a solidão encastra-se nos lençóis de um sonho sedoso
Nos píncaros da noite a paz enleva-se no mastro dos sussurros assombrosos
Cada breu é um bálsamo fértil e faminto prostrado no silêncio meticuloso
 
Entre chuviscos a vida renasce no estampido precário de um eco vertiginoso

O pavimento do silêncio

O pavimento do silêncio assoalha a solidão com palavras urgentes
Sublime e dolorosa a luz requenta todas estas emoções estridentes
E doidamente dormita nas notívagas paisagens de um sonho impertinente
 
O pavimento do silêncio é flutuante e assente num breve sussurro fluente
Calçam os passeios com empedrados e basálticos uivos mais coniventes
Afagam o lajedo do tempo onde caminham incólumes segundos repelentes
 

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