Soneto

Doce sorriso

Aos sorrisos.

 

Doce sorriso

 

Teu rosto tem um brilho mais radioso

Quando teus lábios se rasgam num sorriso !

Ē como um beijo terno de um narciso,

Rompendo a terra, s'abrindo, gracioso.

 

Em teu rosto s' espelha, carinhoso !

Encanta e dá a coragem que é preciso.

É um sol que aquece...teu sorriso.

Ē teu dom, teu bem mais precioso.

 

Ē como a luz d'aurora boreal

Que torna o escuro da noite mais ameno

Em ondas de um bailado triunfal.

 

És

És

És só sombra do que quiseras  ser.

Luz baça e fria de estrela distante.

Fogo, sem chama rubra e flamejante

Que sopro gelado impediu de arder.

 

És a  flor sem cor...que o sol não quis ver.

Sem amplo espaço para o horizonte,

Sem água mais pura de uma outra fonte.

És flor fechada...sem o querer ser.

 

És mar sem marés, sem águas de prata.

Não quisera a lua nelas s'espelhar

P'ra que fosse ela somente a brilhar.

 

És vida ! que a ti te fora tão grata !

As trevas da noite lhes servem de escudo

Noite vem noite vai

Carregada de maldade dos homens

Que olham no céu e colocam o véu,

Pra que a sombra do mal ganhe o breu

 

As trevas da noite lhes servem de escudo

Nas suas trapaças do mal,

O dia já não lhes come os olhos

Nem a luz lhes mata o mal

 

Onde houver paz, levam a discórdia,

Onde prevalecer amor, tecem o desamor,

Tudo muda, soltam-se palavras amargas

 

Amargura ondula empestada do mal

E fere corações dóceis, neste teu e meu doce lar,

Soneto do Silêncio

Pedúnculos assobiam
Em tom terreno cresciam
Florescem quatro ruídos
Alecrins sustenidos
 
Raízes possuem acorde
Entoam e berram fiorde
Músicas são rústicas
Argilas acústicas
 
Dão Iúlas sem harmonia
Sons na serra do chinfrim
Avelã de melodia
 
Ritmo em terra de jasmim
Cântico da pradaria
Colcheia regando o jardim

Os Profanos do Tempo

(retirado do romance - OS PROFANOS DO TEMPO)

Estava longe o dia em que a bela Armagadri viesse a integrar o império romano. O povo celta feliz pelo acontecimento ia cantando louvores aos seus deuses:

Estala a druídica e profética visão
Sobre as almas desabafa a tormenta
Ergue-se Taranis deus do trovão
Ecoando o furor de forma violenta

Vós romanos que a morte não isenta
De aprenderem com a dor mais uma lição
O deus Lug o vosso sangue fermenta
Decantado dos corpos em punição

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