Soneto

Espelho de água

       Espelho de água

 

Sob luar glamoroso que surgia,

Despiu a timidez que a tolhia.

Qual crisálida que do sono emergia

E se lança em seu voo , de magia!

 

 

A lua, que lá do alto sorria

Ao contemplar tão puro amor , qu' ardia,

Fez um espelho na  água, em acalmia ,

 Retratou o terno amor que floria !

 

E muitas madrugadas se fundiram...

Luares cristalinos refulgiram!

Vidas coloridas perderam cor.

 

Sob um luar agora recolhido

E o amor tantas vezes escondido,

Despiu-se...

       Despiu-se...

Sob um luar sereno, glamoroso,

Despiu a timidez que a tolhia,

Qual cris'lia que do sono emergia

E se lança em voo...esplendoroso !

 

A lua, que lá do alto sorria

Ao contemplar amor tão infinito,

Fez da água um espelho tão perfeito

E retratou esse amor que floria !

 

E muitas madrugadas se fundiram !...

E luas cristalinas refulgiram !...

Vidas coloridas perderam a cor !

 

Sob um luar agora recolhido

E o amor às vezes tão escondido,

DOÇURA ( SONETO DE AMOR)

"" Seria capaz de te amar com tanta doçura 
Num canto voraz da própria loucura
Ser verso cantado, amado.
Quando em teu colo, findar a procura

Ao teu amor que me dá acalanto
Transformas o mundo, num apaixonado manto.
Até chegar a tarde com toda euforia
E pintar o amor ... Por mais um dia

Por todo o belo que exuberantemente és
Me cativas, com tua graça e beleza
Deixando em meu mundo a grata certeza 

Que sigo assim, com a vida cheia de encanto. 

DESTERRADO

            DESTERRADO!

Sentou-se junto ao rio, tristemente...

Olhar vago. Semblante pensativo...

Perscrutavo o longínquo firmamento

Ansiando do céu um incentivo.

 

Que mágoa sentirá que o consome ?

Que esconde sob o olhar angustiado ?

Não terá um amor que o console ?

Terá sido por ele abandonado !?

 

No silêncio, seu grito era audível !

Quis comungar com ele seu sofrer ,

Atenuar-lhe a mágoa ...o doer !

 

Correrá atrás  d'um pouso fiável ?

Ou s'enredou na teia que teceu ?

Teu Jardim

Através dos cortinados da imaginação
Contemplo o teu jardim em floração
Cravos, rosas, amores-perfeitos...
Magníficos canteiros em meus peitos!

Jardim belo, de cortar a respiração
E amarrar meu pobre coração
Nos arbustos escondidos tácitos
Sinfonia de gemidos de coitos!

Nas sombras dos recantos infinitos
Nos tapetes aveludados bonitos
Amantes entrelaçados, nus, ofegantes...

Oh! Jardim bafejado de romances inauditos
E de deleites sublimes benditos
Perfumado de beijos inebriantes!

GRITO AO VENTO

          Grito ao vento

 

No cimo da montanha que escalei,

Olhei a vastidão ! Pus-me a gritar

Bem alto. E o vento forte a soprar,

Levou os sonhos ocos que criei.

 

Gritei as alegrias que guardei...

As risadas nascidas a chorar !

E os dias vazios por que passei

E as noites escuras, a cismar !

 

Só o eco da montanha respondeu !

Senti-me desprezada...abandonada.

Uma alma só... sem sombra...ignorada !

 

__ Mas que tonta !!! ( Minha alma escarneceu ! )

MANTO SOMBRIO !

         MANTO SOMBRIO!

Que manto roxo anda a tapar meu sol ?!

Não o deixa afagar-me docemente...

Cruel maldade, esconder meu farol,

Prender a claridade, ousadamente !

 

Este xaile preto, que a luz afasta

E põe negrume às noites estreladas !

Empalidece-a...tortura ...e mata...

Leva as estrelas... põe-nas recolhidas !

 

Cada vez que me encobrem, esses mantos,

Sou sufocada, envolvida em poeira...

Vêm sombras...conduzem-me à cegueira !...

 

Num outro lugar, não haverá prantos...

???

        ???

Já esqueci alguns quiméricos sonhos.

Ou perdi-os  na névoa dos caminhos !...

Porém, uns persistem, p'ra sorte minha

Imbuídos de força de rainha !

 

Há um tal !... de grandeza desmedida...

De teimosa vontade. Consentida !

Um grito ! Uma paixão adormecida !

Uma sombra ! Às vezes tão perdida !...

 

Sonho que m' envolve de paz ! M' embala !

Calado !... Mas que ecoa bem no fundo 

No coração,  que em silêncio fala...

 

Sonho ?... Ou ambição ?... Será credível ?

PERFIL

                PERFIL

 

    A terra, a mim, nada me deu de graça.

    Nem fui levada a braços, em liteiras.

    Mas deu-me força incrível ! De guerreira

    P'ra buscar mais alto o que o sonho alcança !

 

    Sou alma indomável ! Sempre o soube.

    E amo a chuva...a música... As flores !...

    Sou altiva ! Ou humilde ! Escondo as dores.

    Rio e falo comigo ! Ninguém me ouve.

 

    Lancei as sementes p'ra ser feliz.

    E busco a justiça. Enxergo a razão.

Momentos

Rubis rubros carnudos
Sonantes solfejos
Abraços apertados
Em ardentes cortejos!

Âmagos desnudados
Lânguidos beijos
De êxtases desfolhados
Pelo chão dos regozijos...

Eloquentes braços de flores
Voluptuosos, esplendidos...
De pétalas de amores!

Magníficos sabores
Sumarentos, diluídos
Em espuma de odores!

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