Soneto

Moinho de Sonhos

Nas asas de uma paixão
Eu decidi um dia voar
Suspirei por beijos sem razão
E adormeci à beira do mar!

Roubei a chave da imaginação
Entrei no palácio encantado de um Anjo
Que me arrancou o coração
E me prendeu às correntes do desejo.

Subi as escadarias do sonho
Pra ver o mundo ao longe
Vi apenas um Deus dormindo no ninho...

Corri pela beira do rio da saudade
Até encontrar um moinho
Que transforma-se sonhos em realidade.

Hoje É O Tão Almejado Futuro

Porquê tanto esperamos o futuro
Se jamais ficaremos sem nós?!
Eis que triste presente fazem vós,
E de vós vem o mundo inseguro.

Será que o amanhã trará um ar puro,
E o verde-colorido do vosso a sós?
Há quem diz: o futuro virá depois...
Digo Eu: hoje é o tão almejado futuro.

Como acreditais; há quem também,
Aguarda os dias que sorrirá o cruel,
Passado e o sedento presente seu.

Talvez a razão seja, de serem tão fiel,
Alguns; ao grandíloquo Deus do Céu,
Que Dádivas deu-me até ao meu além

IGUAL CAMALEÃO

PENSEI EM MIM NO PASSADO!

UMA BURRA SEM NOÇÃO.

AS VEZES AJO NO IMPULSO...

OUTRAS COM CORAÇÃO!

 

MAS COM O TEMPO PERCEBI.

QUE BURRA EU NÃO SOU NÃO!

FAÇO ME COMO QUERO...

IGUAL CAMALEÃO!

 

POSSO SER O QUE EU QUISER!

DEPENDE DA SITUAÇÃO!

OBSERVO O ADVERSÁRIO...

 

PRESTO LHE MUITA ATENÇÃO!

E USO AS SUAS ARMAS...

PRA VÊ-LO CAÍDO NO CHÃO.

 

ARLETE KLENS

 

A vida que passa

Passa a vida num passo ligeiro
Amadurecem os frutos no limoeiro
O tempo é o tempo que se esvaíra
O sonho é o feitiço que em mim paira!

Adormece o dia... acorda a noite
Fadas e Anjos dançam com deleite
Acendem-se as velas ardentes do Amor
Ouvem-se gemidos de clamor

No labirinto do Ser rouba-se o alento
Sopram os ventos da imaginação:
Numa praia deserta Deuses invento...

Das ondas extasiantes nasce uma diva
No oceano espumoso do coração...
Onde a caravela da vida anda à deriva!

Ao Sol escondio

Oh, Sol que te escondes no horizonte
Porque me chamas-te um dia Lua
E hoje me queres como ponte...
Não sabes que a água corre pela rua!?

Oh, Sol que o Universo iluminas
Porque pintas-te o céu de cinzento
Não vês que assim não me animas
Quando os sonhos leva-os o vento!?

Oh, Sol que pela neblina espreitas
Beija profundamente minha pele nua
Quando de meus olhos saem cascatas...

Oh, Sol que em minha alma penetras
Não vês que eu ainda sou Lua
E teu nome se reduz a três letras!

“Água de Vontade”

  

Um encontro, um poema;

Uma luz aberta no horizonte;

Um grito na voz, que solte o dilema!

Um rio; duas margens; uma ponte…

 

Deste lado: A amargura no peito;

Do outro: O sonho mais persistente…

Na ponte: O esforço, de tal jeito

Qual, da vontade, sobre à vertente…

“O Encontro”

 

Escrevo como uma viagem inconsciente;

Cônscio do encontro, na busca distante…

No horizonte, de mim, a mina, a luz, a nascente;

O fundo de um mapa vago, numa tela penetrante…

 

Funduras, a terra tem de sobra;

Profundidades, o céu as tem, também;

Não falta ao Mundo, quem lhes abra a cova,

“Ter ou não ter”

  

Há, no meu peito, um mar em tempestade;

Uma efervescência de vapores no horizonte…

Nos meus olhos, dois Mundos, uma saudade

Um licor precioso, bebido, de mim, como fonte;

 

Na minha garganta, seca-se a dor… Que me deixe,

Gritando em silêncio, a fúria que a voz encrava…

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