Soneto

E se eu te ?...

E se eu te desse,
Prazer e aventura;
Amor e loucura,
E diferente fosse ?...

Se contigo fizesse,
Sexo sem tortura;
Feito de forma pura,
E nada de ti quisesse ?...

Seu teu coração, eu o roubasse,
E sem quaisquer vergonha,
Hibernasse no teu corpo ?

Se fôssemos livre como cegonha,
E eu ter vidas como o Policarpo,
Aceitarias se te pedisse que me amasse ?

Autor: António Vicente Aposiopese

Indeléveis momentos

Indeléveis momentos

Naufrague nos meus peitos,
Tartamudeia o teu olhar,
Na concuscência do teu beijar;
Dar-te-ei indeléveis momentos

Beba dos meus lábios o adejar,
Transpire os teus sentimentos,
Nestes meus poros sedentos;
Te perca em mim sem te achar...

Sinta meus dedos viajar
Nos teus segredos nus
Que por muito venho farejar

Morra de querer-me como Vênus,
Entregue o teu sexo e venha ondejar;
Cada instante co'lótus, compus...

António Vicente Aposiopese

Suaves desejos

Ah! Se eu pudesse passear na floresta dos teus desejos
Por entre as folhas caídas das árvores de teu sonho
Percorrendo a tua pele quente e macia como caminho
E respirando o ar puro e fresco dos teus beijos!

Ah! Como eu queria saborear teus lábios de rubra cor
E sentir a deleitosa fragrância da tua pele de limão
Pois teus beijos são mais deliciosos que licor
E o teu doce perfume, quero eu ter na minha mão!

SECRET GARDEN

 
 
Descobri um encantador jardim secreto
Onde por vezes me encontro a meditar
Que foi edificado pelo perito arquiteto
É nesse lugar que costumo me refugiar
 
Sinto a paz a me abraçar e me envolver
Em ondas suaves, doces e perfumadas
Purificando meu corpo, alma e meu ser
Adentrando poros e artérias dilatadas
 
Ouço o silêncio e os olhos vou fechando

DANDO UM TEMPO AO TEMPO

 
 
Estou dando um tempo à emoção
Olhar incerto olhando a paisagem
Longe dos olhos perto do coração
Fiquei sem Norte e sem bagagem
 
Andava sem rumo, sem ter opção
E nada que fizesse ia valer à pena
Quando perece o amor e a ilusão
Não se pode ter a mente serena
 
Vou dar um tempo ao sentimento
Limpar as gavetas, sótãos e porões

“Terra”

 

 

 

Terra nos olhos, da boca chega-me aos ouvidos;

Terra nos pés, das pernas ao coração…

Só não tenho a ti, ò amada dos meus sentidos;

Tão presos a mim, em correntes de solidão…

 

Terra! Terra mastigada até ao meu peito,

Como se fosses o horizonte de todas as angustias;

Saudade

Na sombra da árvore da saudade
Repousam todos os espíritos em agonia
Sob o frio estridente da realidade
Deste mundo cego de tirania!

A saudade tem o cheiro da flor de begónia
E as entranhas de uma majestosa cidade
Lugar onde se passeia como na Babilónia
De mãos dadas com a ingenuidade…

Nos bosques perdidos da ironia
Onde a saudade alcança a imortalidade
Choram todas as divindades em cerimónia.

ANJO DE RESGATE

Em um dia iluminado, eu te vi chegar
Acendi um sorriso em doce adoração
Adivinhei que virias para me resgatar
Algo indescritível agitou meu coração

Eu tive a impressão que já te conhecia
Então, começava a viver intensamente
Quando pensei que nada de amor sabia
Quiseste-me envolver completamente...

Caminhei por sobre nuvens de algodão
E andei sobre as águas do azul do mar
Uni as minhas mãos às tuas em oração

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