Surrealista

ENTENDA A SENDA

 

 

 

entenda a senda

quando tudo se tornar efêmero

despertando a venda

de todos sacrifícios

em sólidos degelos 

 

(e se houver intento de desatar

todos os laços e meadas

que se anelem aos berços

complacentes

as imagens lívidas de gesso)

 

entenda a senda

se forem apenas fagulhas

de fogo estiado

se escoando nas águas e ventos

sem margens ou rumo

 

(e se o sereno converter-se

em dunas

-de íngremes fronteiras

MAR DISTANTE

É um mar distante que avisto da janela, 
Caravela, barco, barca, retrato na estante! 
Com ele seguem as ondas junto com a brisa 
e se vai o sol no horizonte! 
Mar distante e que ‘dantes’ um errante navegante 
precisou navegar ‘dantes’ de viver! 

INSTINTO

 

 

 

conheci meus pares

na oclusão dos dínamos

 

sou do reino promissor

e das favas provisórias

 

sou dos alvéolos silvestres

e da lapidação do jade

 

sou das tempestades

e dos trovões avessos

 

e, flechado no tórax

por uma seta abrupta

 

obedeço ao instinto

da flor

 

 

 

GUIAS INVULGARES

 

 

o rosto se fixa no latifúndio

de sua fundura

resvala na entranha do poço

e retine o sino dos cães

calmamente observa o luar

e pleiteia o riso da lua

desfaz o sono do fogo

e adia o próximo lugar

para seus novos caminhos

vigia o orvalho

como se não houvessem sentinelas

como se os lustres fugissem

de seus sustentáculos

para nos nortear

feito guias

solenemente invulgares

 

 

 

 

 

 

 

 

PASTOREIO

 

 

 

 

vários indícios da rua

 

constroem lãs e lampejos

 

crenças e bocejos

 

no vapor do amanhecer

 

porém

 

só me atento às matizes

 

de seus arquétipos

 

e aos sorrisos infantis

 

que pastoreiam cisnes herméticos

 

e ovelhas gentis:

 

anomalia silenciosa

 

que se enreda em indagações

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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