Tristeza

Eu !

Nada mais que Eu !
Eu ! O verso da guerra !
Escrito com sangue meu,
Que mancha esta terra;
Tenho Sião sem véu,
Caminhando livre nesta masmorra;
Nada Eu, sou por acaso,
Não chamem meu fôlego de poeta
Só Eu ! Quase chulo e proxoneta
Das letras, versos e caneta
O Elegiado que deixou Cacuso !

António Vicente Aposiopese

Há dores

Há dores que vejo,
Atordoar meu coração;
Embora almejo,
Ter toda compressão
Tenho e nunca planejo
Está terna escuridão;
Há dores que é minha;
Mesmo na alma vizinha.

Há dores que ouço,
Muito alto cantando;
Em todo nosso,
Mágoa espalhando.
Há dores no vosso;
Coração, e eu sentindo.
Há dor que nos deixa assim;
Mas todas terá um fim

António Vicente Aposiopese

Elegiados

Anos de terna idade

I. Anos de terna idade,
apagado foi da memória;
até Joaquim Mateus sem maldade,
também sobrou-lhe a fúria;
não vieram à cidade,
o luto e tamanha penúria;
das aldeias todos levados foram,
mesmo sabendo que nada fizeram.

Grito das minas

II. Devastado Cacuso foi,
sobrando-lhe apenas ruínas;
nem os seus verdes vistos foi,
após o grito das minas;
arrancado do berço á alma dói,
ditando a dor as sinas;
como se fosse arrancado o coração,
ao peito e colocado na mão.

VOU EMBORA

                                        VOU EMBORA

Alô! Pessoal!

                             Vou falar de um assunto pessoal...

                        Vou embora, não dá mais pra ficar...

                              Com a solidão à maltratar.

                  Vou sem saber onde ir, só sei que vou partir!

Duas peças de roupas é o suficiente, pra enfrentar o sol quente!

     Não sei onde vou parar, porque também não pretendo voltar!

               Se é assim o meu viver... É melhor morrer!

QUANDO ESTIVERES TRISTES

                                QUANDO ESTIVERES TRISTES

Quando estiveres tristes, olha para o Céu e pede ajuda.

  Quando estiveres alegres, olha para o Céu e agradece.

Lembra de quantas nações, povos, gente que padece!

Gente que náo sabe, por onde começar!

É tristeza, é só chorar! Lembre disso, talvez podes ajudar!

 

Autora: Madalena Cordeiro

Se eu morrer primeiro

Se eu morrer primeiro
Plante poesias sob os meus pés
A pedido de um guerrelheiro
Cave o meu túmulo com o que tu
lês

Poetisa com alegria
Cada centímetro da minha cova
Orna-me com poesia
E faça dela a minha roupa

Seja poema
Para os meus ouvidos
E recite cada tema
Dos meus zumbidos

Contém; o teu lacremejar...
Após o velório sorria e diga amém !
Porque hei-de voltar !...

Autor: António Vicente Aposiopese

Um poema para África

Um poema para África

Vou fazer um poema para África
Um poema repleto de fome
Gorda de miséria que nos seca !
Poema de gente quase sem nome !

Um poema que canta Somália !
E que traga minha infância anêmica
Vou fazer um poema com voz de penúria
Que mostre a rica pobreza angolana

Um ode cantado no megafone
Da zungueira que co'voz mostra a nudez de cá
Poema de egoísmo que concebe clone

Que dolorosamente geme sangue
No âmago das minhas lágrimas
Um poema sem voz bilingüe...

CERTOS DIA

Há certos dias confusos
Que os tempos se misturam
Diversas flâmulas tremulam
Em nossos mundos reclusos

Há  certos dias estranhos
Que me pego desistindo
Á luz do existir sumindo
Entre o segredo e o sonho

Há certos dias de cismas
Que sou tarde mesmo cedo
E entre a loucura e o medo
Adormeço sob as cinzas

Há certos dias sem vidas
Que o sol esmaecendo vai
Que o concreto se abstrai
E o irreal se concretiza

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