uma flor no descampado
Autor: António Tê Santos on Sunday, 15 September 2024os versos que invento para alterar o meu fado... para me redimir dos meus fracassos e das minhas profusas rebeliões... para realçar o desassombro de viver sem afeição...
os versos que invento para alterar o meu fado... para me redimir dos meus fracassos e das minhas profusas rebeliões... para realçar o desassombro de viver sem afeição...
transudo as minhas mágoas e os meus miseráveis afetos; avanço pelas catacumbas do ócio para oferecer reflexões a quem interpreta os meus versos; preservo o júbilo gravado no meu âmago porque ele resulta duma intensa harmonia.
navego na vida com temperança; com os filamentos salubres dos meus versos; com os pensamentos que jorram do núcleo da minha razão; com a alma inundada pelos meus progressivos sucessos.
lembro os meus versos juvenis e os seus premonitórios depoimentos: as suas palavras despojadas que revelavam um mundo coberto de dor; as suas afirmações contundentes no fulcro duma existência tormentosa.
recolho a formosura das ondas de perfume que gero: duma terminologia airosa que espairece o sofrimento; do percurso fulgurante da minha evolução; dos veneráveis conselhos de homens sapientes.
os caudilhos marginalizam aqueles que nos encorajam com as suas cogitações; aqueles que nos legam palavras que mitigam a nossa dor; aqueles que demandam a lindeza da alma para erigirem um universo melhor.
contesto as fúteis desavenças dos homens; o enfado produzido pelas suas áridas instituições; as suas manobras torpes exprimidas em muitas formas de ludibriar; os desafetos que habitam na sua mórbida convivência.