APENAS UM FIM

APENAS UM FIM

 

Quando juntos, juntinhos lado a lado,

Trilhámos rumos, sonhámos acordados

Cantando o amor em silêncio imaculado

Como imberbes peregrinos degradados.

 

Quando ao de leve os dedos se tocavam

Em cálidos murmúrios sussurrados,

Enlaçados em palavras que sobravam,

Calavam os gritos dos beijos desejados.

 

Mas um dia entre nós um frio soprou,

Embalado em ventos do norte agreste,

E tal como morte lenta se impregnou

Nas professas ilusões que me fizeste.

Maltrapido

Maltrapido

Penacho de penas e espinhos
Penduricalho de penas alternativas
Grudo na pena e escrevo
Plenamente meus pensamentos.
Pena que você não veio
Pra festa da paz
Não faltaste à festa da guerra
Onde a esperança se desfaz.
Plumas e paetês te vestiram
Trapos e retalhos te corrigiram
Num mundo de insolência
Trapos foram sua penitencia.

Velas e velos

Velas e velos

Rezo eu ao pé da vela,
que aquece o destino dos homens
velado e acreditado.

Iço as velas de meu barco,
velas verdejadas pelos mares,
pois venta forte rumo ao infinito.

Velo meu cachorro que morreu,
querido companheiro,
que já se encontrou com os seus.

Deito no velo de lã branca
que tem o cheiro das pastagens,
logo acordo cheio de coragem.

Um velo de transparência minguada
me cobre a face desfigurando
a imagem do universo.

Pretória florida

Pretória florida

Meu jacarandá mimoso
Caíram todas as suas folhas
Peladinho pelas ruas
Pretoria fica caduca
Magoada e infeliz.
Mas de repente vens
Vestido de azul maravilha
Alevanta as negras e brancas
Almas da mimosa Pretória.
Tapetada de flores e folhas
Suas ruas e calçadas
A cidade fica angelical
Brasileiro de origem és.
Os que pisam tuas flores
Sequer imaginam sua dores
E de onde vieste.

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