Deixa girar o mundo

deixa girar o mundo

abranda-o só para que eu possa descer nele

tudo é, tudo foi, tudo será

o nada acontece no tudo, o tudo no nada 
deixa girar o mundo, aquieta-o apenas de tanta turbulência

no teu olhar me detenho
como uma fábrica de sonho 
ante a lembrança de um momento feliz
daqueles que só tu provocas porque és feito de matéria rara 

És lindo

Fica sabendo que reúnes em ti todos os pedaços de beleza do universo. Construi-te com a força das escarpas, com a leveza da espuma do mar, com o brilho do sol que se reflete na água prateada deixando um mar de pequenas estrelas cintilantes. Acrescentei-lhe a intimidade do tempo e a dor da ausência que habita o coração das rochas milenares. Embebi a tua pele em sumo dos limos salgados, fabriquei os teus músculos com as ondas do mar revolto, e nos teus olhos acordei a memória do universo. 
A tua beleza está no meu desejo, nos meus olhos, na minha peculiar forma de te amar.

A tua ausência dói-me

 

se aqui estivesses meu amor, 
dar-te-ia um suave beijo na pele que és tu 
mas estás ausente 
e a tua ausência dói-me

não há saudades mais dolorosas 
do que as das coisas que nunca foram
tenho um mundo de palavras dentro de mim
com vidas próprias, reais, definidas e imperfeitas 
tão imperfeitas quanto a minha condição de ser errante
que te quero oferecer 

Tirem-me tudo, excepto a memória do teu rosto, morreria feliz...

Quero saber-te de mim meu amor, nos instantes tangíveis quero que sejas matéria fina, de extrema elegância, de extrema delicadeza, nos instantes intangíveis serei um amontoado de partículas finas de pó de ouro, aquelas partículas que podem tocar suavemente no rosto e moldá-lo para que fique encantadoramente belo. Mas não é necessário o embelezamento porque a tua natureza é rara, vens do sítio do universo onde tudo é de uma beleza intrínseca. 

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