Só Aquilo que me Faltava!

Tem uma pálida luz do sol
Em meu leito,
Que parece que se esfria mais
Quando toco no gélido papagaio
Sob a coberta fina,
Um verdadeiro lençol.
As Pedras presas em meus rins
Continuam doendo
E não descem por nada!
Tenho a arrogância
Dum enfermeiro do dia,
A doçura das enfermeiras da noite.
Dou uma olhada pela janela,
Imagino o pátio lá embaixo.
Sinto saudade de casa, dos outros,
Dos meus oito gatos, dos amigos,
Até do irritante som alto no vizinho,
Das coisas pras quais eu prestava,
Pois agora estou impotente,

ver

Será a ver que o futuro nos trará uma nova linguagem própria?

 

Será?

A palavra, todas, se sustentam!

Ver?

Que num jeito meio perdido:

O céu a deixar de ser escuro:

Futuro?

Nos ensinará!

Trará?

Uma vontade própria:

Linguagem,

Própria!

 

Será que se sustentam?

Jeito assumido!

Trará um futuro?

A linguagem será!

O que nos ensinará?

Linguagem:

O céu ainda escuro,

Um futuro ainda por ver,

São os abraços que nos alimentam:

Brasil!!

Brasil, pô Brasil!!

Aconteceu debaixo do céu anil

Uma bala de fuzil, e ninguém viu?

 

Ééé Brasil...

Brasil de sumiu, de não viu, de fingiu

De mentiu, que fugiu, com fuzil a mil.

E o civil se mata para comprar Bombril e Rivotril

Na casa que construiu.

 

Ééé Brasil... Por que Brasil?

 

Orgulho ser Brasileiro, vivo num chiqueiro

Não tenho dinheiro, não uso chuveiro

Não compro carro, não tenho sapato

Me resta o gato para salvar o descaso.

 

Ééé Brasil... Por que Brasil?

Maluquez

Não sei o que fazer

Não sei quem quero ser

Tenho medo de arrepender

Do caminho que escolher

 

O mundo dá voltas

Internamente só revoltas

Cada dia uma calota

Esconde a cara torta

 

Sigo fingindo

Que está tudo tranquilo

Esperando o destino

 

Realidade paralela

Pintada em aquarela

Viajem sem sequela

Satisfação verde amarela

 

O que sei é viver

Esperando o que possa acontecer

Não me cabe mais sofrer

Só me resta aprender

 

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