Livre Para Voar

No sertão eu vivia solitário

Mas tinha um grande amigo

Desde pequeno viveu comigo

Hoje ele e um velho canário

Preso a uma gaiola ele cantava

Toda manhãs ele me despertava

Por muito tempo ele fez esse cenário

 

Um dia doente ele amanheceu

Era triste o semblante seu

A partir desse dia deixou de cantar

Pensei em lhe dar liberdade

No coração já existia a saudade

De vê-lo partir e não mais voltar

 

Mais o tempo foi passando

E a morte parecia certa

Convite

Tome-se por má comparação que seja, o vicio do cigarro – que coisa louca
Não é raro que recebendo um convite
Para encarar de frente o pelotao de fuzilamento, se vá de bom alvitre
Só pelo gosto de uma derradeira vez leva-lo à boca

Ou aqueloutro que em vida que vai longe era ordeiro e dedicado moço
Agora mal chega a noite se isola no quarto pretextando qualquer mentira
Abre a janela com pressa de aceitar o convite da vampira
E goza de antemão a morte pelo prazer de entregar o seu pescoço

“MEMÓRIAS - BEIJAR TEU BEIJO”

“MEMÓRIAS - BEIJAR TEU BEIJO”

(Minha lágrima no teu beijo carente, sem chegar a sair de mim é onda salgada que se espraia em utopia fervescente..)

Guardo esse olhar límpido como dois lagos

E na memória o cheiro do teu corpo confidente

Prende-me tua pele ao perfume dos teus seios

Ondulante, dardejante envolvido nos meus afagos

Na amargura do partir ficou apenas esse beijo ardente.

 

Revejo os teus olhos de um azul cintilante

Faiscando na última noite voluptuosa

Intriga-me a vida

A correria rotineira
nos torna despercebidos,
intolerantes, impacientes,
rumo ao mesmo destino.
 
A ambição em nossos olhos,
desfoca todo este brilho,
a natureza não se esconde,
sempre em nosso caminho.
 
A dor invade o peito quando a morte se aproxima,
quando surda toma a si,
nosso ente mais querido,
quando surda, dissipa,
a única luz que llumina.
 
Nossos gritos agoniantes,

Pages