O Tempo e o Pêndulo
Autor: André Claro on Friday, 1 September 2017O tempo é um pêndulo,
Areia na ampulheta,
Que não só quando no meio,
Tem dois extremos,
Um que veio,
Um que não tenho,
Um que é saudade,
Outro que é apenas desejo.
O tempo é um pêndulo,
Areia na ampulheta,
Que não só quando no meio,
Tem dois extremos,
Um que veio,
Um que não tenho,
Um que é saudade,
Outro que é apenas desejo.
Eu conseguia ver o que havia sob o ralo.
Vermes, cabelos, espuma e escarro,
Esperma.
Eu tomava banho,
Coisa rara.
Mais um pouco
E o esperma cresceu sob a espuma
Do xampu ou do sabonete.
Havia cabelos lisos compridos
Em sua cara de Perseu.
Cabelos meus
Ou dela?
Minha menina caquética.
Com o esperma vieram os vermes.
Apanhei o rodo e dei neles,
Em vão.
A luz apagou ou acabou,
Tudo ficou escuro,
Como se eu estivesse no fundo
De minha garrafa vazia de Bourbon.
Poderemos viver esta vida apenas de memórias escritas em papel sem autor?
Poderemos encontrar toda a sua dor?
Viver?
Esta série de histórias!
Vida!
Apenas, à pele sentida escrever,
De palavras sem pudor!
Memórias?
Escritas de forma redimida,
Em jeito de passadas glórias?
Papel incolor,
Sem margens nem dedicatórias
Autor?
Poderemos escrever?
Esta vida?
Apenas memórias,
Dor,
De histórias?
Sem pudor:
Glórias?
Em jeito redimida: