A Borboleta

Naquele dia de sol intenso

Entre pessoas e crianças em festa

Uma borboleta espalhou sua beleza

Pousou no meu dedo e prendeu-me o olhar

 

Contou-me segredos, sussurrou com ardor

Cativou-me e depois voou para longe

Será que a posso reencontrar?

A distância era mais longa que um salto

 

Agora compreendo o termo platonicus

Querer tocar sem poder sentir

Ter medo de fazer ruir algo que não construi

Mas ainda assim desejar de forma ardente

 

Ter esta borboleta novamente em mim

Mente

Ruidosa e ensurdecida é a mente.

Grita silenciosa.

Arrasta a multidão caliginosa

no abismo do pensamento doente.

 

Sabes que a mente mente?

Reiterações de interrogações

propositando uma alma diferente,

uma consciencia omnipresente,

que abraça todas as gerações.

 

A mente é mentirosa,

uma miragem vertiginosa.

Obstrução do tempo presente.

passos

dou agora passinhos, não corro, não quer dizer que já não tenha pressa!

Dou tempo!

Agora passo mais parado:

passinhos!

Não quero depressa!

Corro, meio sentado!

Não são desalinhos!

Quer o destino o duro contratempo!

Dizer: aguenta um bom bocado!

Que o é, ainda não cessa?

Já o verão está quase acabado!

Não houve momentos molhadinhos,

Tenha a vontade de passatempo:

pressa?

 

Dou passinhos!

Agora parado!

Desalinhos!

Tempo!?

Sentado

Não depressa!

Sonhar

Sonhar não é projetar e concretizar. É imaginar e procurar. O sonho está na nossa mente, no horizonte, no sótão, no espaço, no mar, no sol ou na lua.

Fazer um sonho é pensar, é viver, é agora. É como flutuar, é para isso que serve sonhar, para caminhar sem nunca alcançar, para descobrir sem nunca ver.

Há sempre algo que falta fazer, há sempre mais vida para viver. É irrelevante a nossa idade, a distância e o tempo. A vontade é tudo o que importa, é ela que nos permite abraçar o mundo e sentir que estamos vivos.

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