Seppuku metafórico

Guerreiro da luz preparado
para morrer,
espadachim no teu gládio
no fúlgido ser.
Uma grotesca lâmina
corta pescoços,
é melhor que não chores
com os olhos foscos.
O mundo nega os torpes,
a desonra é inútil,
da luz escureceis a ti
ser dúbio.
Sem tristeza perfurai
o ventre de si,
fite o destino que te cai,
oh! Samurai fraco.

 

Beijo

Desejo de lábios ,
corpos envolvidos numa logomarca
"chamado amor "
que proporcionam calor inesquecível
o amor é invencível!
um perfume que alimenta a flor

Beijos, demarcam de forma clemente
unir corpos mesmo a distância
desejo incontrolável noite adentro
dor, o amor pode ser eterno e permitido
dor é moeda imprópria sem carisma ,
sem valor,
o amor é desatino e coerência

Paranoia

Eu me sinto vigiado a toda hora, os carros, as nuvens, os celulares, tudo é motivo de desconfiança. Os urubus voam sobre mim, desmentindo qualquer fim. A cada batida de asa me enlouquecendo, mais certeza tenho sobre como sou o escolhido. A paranoia namora a esquizofrenia, e eu sou o amante delas. Sinto fantasmas olhando meus erros. Vejo minha tela de dentro recebendo suas sinapses, e até disso desconfio.

CADA DIA

 

 

 

cada dia seja concebido

o ontem no ontem

o hoje no hoje

-seu rastro: no amanhã?

 

cada dia seja convencido

a ser o que dele se espera

quando adivinhado

em sua indecisão

 

cada dia seja reconhecido

pelo alarido

de seu pêndulo ofegante

contido em um mero instante

 

 

 

Coveiro

Coveiro solitário adentra à terra,
Ele cava os mistérios do mundo antigo,
Com a pá finalmente dá cabo a matéria,
O senhor dos velórios, servente cínico.

Da cova ao fogo infernal, um arcanjo infeliz,
Talvez da luz ao céu, um salvador dos espíritos:
O barqueiro Caronte dos corpos mais vis,
Navega nas marés dos rios dos mortos-vivos.

OS SENHORES DOS ELEMENTOS

 

 

 

1.

os senhores da água

já desvendaram

os mares afoitos

em embarcações primárias

 

2.

os senhores do fogo

já depuseram

o pó frio das cinzas

submetendo-o à ventania

 

3

os senhores do ar

já sobrevoaram

os ventos adormecidos

na aurora noturna do mundo

 

4.

os senhores da terra

já demarcaram

seus vagos domínios

impondo limites aos sonhos

 

 

 

 

 

 

 

 

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