o pedestal da alegria
Autor: António Tê Santos on Saturday, 5 August 2023não há nenhum cais onde a genuinidade possa atracar porque ela esbarra sempre numa ordenação que proíbe o seu trânsito para que ela não se imponha à hipocrisia que a rodeia.
não há nenhum cais onde a genuinidade possa atracar porque ela esbarra sempre numa ordenação que proíbe o seu trânsito para que ela não se imponha à hipocrisia que a rodeia.
regulo a sensibilidade pelas minhas violentas convulsões: são nichos de amargura que transfiro para a razão; são lágrimas consentâneas com a minha vida mundana; são façanhas agrestes que transformo em poesia.
destapo os mistérios que a minha lucidez respira quando perfilho atitudes sensatas: quando permaneço firme no núcleo da monotonia enquanto as minhas reflexões constroem um palácio esmerado onde habita a literatura.
renego a vida quando os seus despautérios atingem o auge da indignidade: os seus persistentes calafrios e as suas brigas desapiedadas; as suas metamorfoses emocionais e os seus abundantes dilemas.