Estou doente

Estou contaminado por cactos
Que me picam as raízes na terra
Contaminado por surreais factos
Em caminhos cansados da serra
 
Estou contaminado por aves
Pelo caracol de cornos ao sol
De músicas feitas em caves
Da cor amarela do ovo mole
 
Contaminado pelas japoneiras
De joaninhas que floram do chão
Pela luz das amendoeiras
Calor felpudo de um minhocão
 
Que sente no dedo as abelhas

Sozinho

Sinto-me sozinho, tão só que não aguento.
A solidão de estar comigo, tão só que não compreendo.
Ser um após o outro, sem deixar de ser eu mesmo.
Adaptando-me em tanto , tanto que me arrependo.
Vou sobrevivendo, como quem vive pra morrer.´
Iludindo quem vive, de que na verdade quero viver.
O monstro ou fantasma, nem sei qual prefiro.
Tantos nomes, tantos fatos que sem despir eu visto.
A saudade de quem partiu, ou a raiva de o terem feito,

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