Teu rio...meu mar

Persegui o romantismo
 
ditoso onde provocantemente
 
e em uníssono
 
declaramos aos ventos
 
contagiados de ti
 
a preciosa hora imaginada
 
em gomos glamorosos,repentinamente
 
enclausurados nas margens longínquas
 
onde me faço teu rio
 
e tu sinuosa
 
jorrando caudalosa
 
em ondas oceânicas

Com os eus e a alma...

Deixei lá distante
Algures escondido
Um eu meu amigo.
E agora perdido,
Em luta constante
Sozinho e comigo
De tão escaldante
Sou só o restante
Dum grande castigo!
Solidão imensa! 
Que sofre e que pensa
Na guerra dos eus,
Sem sonhos dos teus,
Reparo e entendo 
Que nunca pretendo
Que os teus sejam meus.
Com os eus e a alma,
Que os une e acalma 
Vou vendo o abismo,
Não penso nem cismo,
Não paro, não quero!
Nem quero saber

A Vida e a Cidade

Quem inventou a cidade foi

Quem inventou as horas.

E quem inventou as horas

Acabou com o tempo da vida.

 

Antes da cidade não havia hora;

Havia o sol e a noite.

Havia vida

Alegria, paz, tranquilidade…

 

Trabalho, família, brincadeira…

Hoje, há cidades.

Temos hora para tudo

E nenhum tempo para viver.

Anatomia Poética - O Gozo

És a prova cabal do prazer máximo.

Da alegria intensa que te gera, deixas apenas um torpor

Doce; de explosão, de êxtase!

A satisfação indelével da consumação

Da vida, no poder de gerar outras mais.

 

És tão excelente que tudo o que é bom remete a ti!

Tudo o que é vital te é associado.

A marca do fim da infância, da inocência.

Mas não és aprazível, és asqueroso ao toque!

Culpa tua, por destruir o momento mais essencial de toda existência!

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