Dor!

Dói a alma na gritante discórdia de ter que doer,

Dói a voz amordaçada e calada que grita assim,

Dói o coração que bobeia a seiva para não morrer,

Dói porque dói, dói apenas sem mais porque sim!

 

Na tua ilharga

Embrenho-me hoje
 
perto da nudez madrugadora
 
roubando todas as horas
 
que me deixaste no lençol
 
da noite
 
tilintando provocante
 
contentando-me inteiramente
 
nesta musicalidade tão aliciadora
 
e longamente gratificante
 
 
– Deleito-me despido ali à beirinha
 
onde me emprestas tuas vertigens

Saudade

SAUDADE

 

O tempo passa e tudo que vivemos fica para trás 

Saudade daquele tempo que pulava, e brincava

Esse tempo não volta mais!

Tempo, que eu ainda era criança! Cheia de esperança!

Saudade daquele tempo que cresci

junto a natureza! tudo era beleza.

Saudade da minha mãezinha, que nervosa a me chamar:

Menina vem depressa! seu banho tem que tomar.

Saudade dos meus irmãos, apelidos a me colocar, 

E eu muito dengosa, me punha a chorar!

Saudade da escola, Passar cola?Nem pensar! 

Na Minha Cidade, Na Minha Bela Lisboa

Já tu haverias regressado desse passeio 
de rosto pálido e sereno, respirando essa brisa fresca
do entardecer à beira rio, 
quando ao largo do Tejo se entoa um fado 
fazes um poema, fá-lo com cuidado 
empenha esse teu ser e essa tua alma 
fumas um charuto e bebes desse vinho tão amargo

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