Um Animal Precavido

Mais um despertar...
De repente os meus olhos se abrem. 
O meu coração se fecha. 
Os meus sonhos nesse mundo não cabem.
 
Mais um novo dia manicomial pela frente!
Eu me levanto e rezo por mim 
Como um bom animal indecente
Peço que Deus amorteça os golpes
Do meu estopim. 
 
Depois vem a cerimônia
Meu vínculo herbáceo...
Tenho o endereço das casas herbanárias

Autoconsertar-se!

Deixa só o tempo passar!
Mas faça desse tempo um culto
E desse templo, um altar... 
 
Vê se esquece isso!
Esquece.
Esquece que o calendário há de caminhar...
 
Deixa primeiro o pensamento culminar
O povo nunca vai se conscientizar
De que as coisas como estão
Não estão boas 
Como o azul daquele mar!... 
 
Deixa,
Deixa que o dom venha lhes mostrar

Luz e Fogo

A correnteza dos amantes é o cais

Sem freio rumo ao porto da alma.

Dois corpos entregues a um desejo

Feito de suspiros que ecoam além da carne

E são recíprocos nos diálogos e silêncios

Para a construção de uma ilha própria.

Um tempo imperativo de paz e refúgio

À medida de um indicativo sem sombras.

Onde o pretérito perfeito se repete sempre

E o futuro é um detalhe.

 

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