Mulher, não vais querer o meu Amor

Mulher, não vais querer o meu Amor
Pois é do meu coração uma fértil lavra
Brota laços; quando ama jamais a livra
Nele trago todo de mim e o meu pudor

Ele paciente, meigo e tradutor da dor
É do meu coração verdadeira palavra
É fonte única da minha estável fevra
É da minha bondade o singelo penhor

De más mulheres, já bebeu peçonha
Mas inda tem brilho que o sol desvia
Ele traz paz dum branco de cegonha

Pai nosso, abaixo solo já finado

Pai nosso... abaixo solo já finado,
Carrego às lágrimas desta oração,
Uma dor que abafa meu coração,
Por dizerem que foste chacinado!

Não sei se... ou... estava destinado;
Sei que duro é não ter sua atenção.
Sem ti, vivo à tamanha desolação;
Deveras, sem ti, me sinto afinado.

Àquele jazigo onde terno dormes,
Desconhecem meus pés o caminho;
Que no despertar, o meu... tomes.

Porque sem ti, dias todos definho;
Irmãos meus, a mim conformes;
À vida... faz-nos falta o seu carinho

Contra o Vento

Deixa-me correr indomável,
pelas estradas por domar,
por aquele caminho interminável,
que tanto anseia por terminar.

Da mão da sociedade corrupta,
me despego sem ela querer soltar,
da sua linearidade absoluta,
que julga que veio para ficar...

Se veio, deixo-a com um cumprimento,
e sigo o caminho tão inverso,
que só o verso o poderá eternizar.

Deixa-me seguir contra o vento,
caminhar em direcção ao fim do universo,

Oração

O mundo devia ser um grandioso templo
onde pudessemos expressar a fé em cada oração
para que ela assim perfumasse os nossos amedrontados corações,
pois é ali que reside a fonte e o viço da vida onde futuramente plantamos
toda a felicidade do tamanho que tanto almejamos.
FC

Daquilo que eu sei

Daquilo que eu sei
 
Daquilo que eu sei
pois sei quanto me custa
ter até que admitir
tudo me foi permitido
domar até raios do mesmo sol
quando fascinado se põe num estado febril
pranteando com todos os
meus mais seletos sentidos
numa balbuciada manhã
onde descansamos os corpos carentes
e fartos de tanto amar
tanto velejar bolinando nos ventos
miscigenados na fímbria dos ventos
 

Reino das Palavras

Vai comendo palavras
E cuspindo ideias.
Vai se consumindo...
Num Reino aberto à tudo
Ao que na imaginação vai surgindo.
Pensa aqui e chega à um oceano. 
Aliás, acorda submerso
Nadando em emblemas
Totalmente inconvertidos.
Com os pensamentos totalmente elásticos
Cria um plano além do dano muito bem-vindo!...
Algo que vai muito além 
Desse nosso sentimento de plástico. 

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