CRUZ
Autor: SELDA KALIL on Wednesday, 5 November 2014CRUZ
CRUZ
Mulher, não vais querer o meu Amor
Pois é do meu coração uma fértil lavra
Brota laços; quando ama jamais a livra
Nele trago todo de mim e o meu pudor
Ele paciente, meigo e tradutor da dor
É do meu coração verdadeira palavra
É fonte única da minha estável fevra
É da minha bondade o singelo penhor
De más mulheres, já bebeu peçonha
Mas inda tem brilho que o sol desvia
Ele traz paz dum branco de cegonha
Pai nosso... abaixo solo já finado,
Carrego às lágrimas desta oração,
Uma dor que abafa meu coração,
Por dizerem que foste chacinado!
Não sei se... ou... estava destinado;
Sei que duro é não ter sua atenção.
Sem ti, vivo à tamanha desolação;
Deveras, sem ti, me sinto afinado.
Àquele jazigo onde terno dormes,
Desconhecem meus pés o caminho;
Que no despertar, o meu... tomes.
Porque sem ti, dias todos definho;
Irmãos meus, a mim conformes;
À vida... faz-nos falta o seu carinho
Pobres mortais