QUEIXUME


Não,
Não me venhas dizer que não foste tu,
Que me arrancaste o sono das noites brancas,
E em dores me encerraste com mil trancas;
Que me atormentaste como algoz de prisão,
Fazendo-me chorar a dor da solidão;
Quando tu, fera impiedosa,
Zombavas da minha dor chorosa,
E me fazias sangrar o coração.

VIVENCIANDO

VIVENCIANDO.

Estamos em visita por aqui,

Temporariamente passando,

Passando por guerras,

Passando por doenças,

Passando momentos felizes,

Passando momentos tristes,

Vendo pessoas passarem,

O gerúndio passando.

E eu? Onde estarei?

Ou seja, a humanidade,

Faço parte dela,

Como? Não sei!

Ah! Sou metade de amor,

A vida ensina muita coisa,

Mas, cada coisa a seu tempo,

Não me importo com o passando,

Não me importo com o passei,

O que realmente importa,

Antes de ti...

Antes de ti,
tudo era espaço sem tempo,
partícula efémera,
sortilégio sideral…

Segui-te em rasto de cometa
num quarto crescente,
feito lua cheia,
madrugada
e sol nascente.

Somos,
conjugação intemporal,
eterna aurora boreal,
tu és poema de mim
e eu pretérito imperfeito
feito presente em ti.

Diga não ao preconceito

Diga não ao preconceito.

 

Triste ver o preconceito

Que emergiu nesta eleição

Sujeitos insatisfeitos

Com o escore da eleição

Destilam o ódio do peito

Contra o amado povo irmão

Porque perderam o pleito.

 

Vieram a ofender

Brava Nação Nordestina

Sem razão para isso ter.

Lembrem que o povo de Minas

Também não o quis eleger

Três derrotas na surdina

Deram o por conhecer.

 

Povo humilde da Nação

Também sofreu xingamentos

Julgam que a sua opção

Foi em troca de alimentos

Deram péssima vazão

Aos pérfidos sentimentos

Ausentes de qualquer razão.

 

Isto é uma democracia

É preciso respeitar

Aqui impera a alforria

E liberdade ao votar.

Bom não fazer heresia

Para afastar o mal estar

Que esta ação causaria.

 

Os reaças de plantão

Abatidos derrotados

Querem dividir Nação

Ver o país fatiado

Isto é pura ilusão

É um olhar equivocado

Contra a Constituição.

 

Digo não ao desrespeito

Quero a união do país

Quero o povo satisfeito

Vivendo alegre e feliz

Batendo alegre no peito

De ser da mesma raiz.

Diga não ao preconceito.

A REVOLTA DOS PINCÉIS

e em cada pincelada
imbuída de sentimento
 
o pincel revolta-se
 
revolta-se
 
contra a caligrafia perfeita
sobre o papel machê
 
contra a intemporalidade de cada gesto
sobre a folha de papel
 
estremece
 
a tinta desfalece sobre a obra
agora manchada
 
renascimento
 
rebentos verdes peregrinam
entre as rugas

Pages