Deflagração

Deflagração
 
Parei pra pensar
resisti até alcançar
parei até pra sentir
e assim continuei 
até te amar
Felicitei a vida
indo por ti inventar
tantas plenas palavras
desinibidas e recentemente
lapidadas na compadecida
imortalidade da verdade destemida
 
Parei pra chorar
e encontrei acometida
depois de soletrar e colorir
até teu canto onde me fui

Geologia

O alivio do meu corpo, quando estás perto. O peso dos meus ombros, desaparece como magia. O sabor do teu batom, reacende a adormecida chama. Fico tonto de prazer, não sei se é, errado ou certo. As transformações do teu corpo arrepiado, me fazem estudar geologia. A tua matéria cativa-me, de tal forma, geométrica cama.

O FEITICEIRO

acordo
noite, gritos, luzes
 
tambores outonais
 
levanto-me
sabor a mel, hidromel?
 
sinto-me sujo
penas, sangue
 
criaturas da noite
criaturas da solidão
 
acompanham-me, libertam-me
 
corro
 
clareira nua
dança nua
 
sinto-me corpóreo, etéreo
lambo-te
 

Inolvidável

Inolvidável
 
Uma simples dúvida prende-me
em duas corteses palavras 
como um beijo saliente se desprende
já sem asas no meu
sentir confidente
 
Lá no infinito horizonte 
repleto de um magnifico
imaginário erigido
existirei desesperadamente
como esse ser incontestável
que me segura a vida
inimputável no degredo
que me impus hoje sereno aceitar
 

Cativeiro

Cativeiro
 
De que alimento eu
minha alma,
perdida e sem
mais saber voar
sem voz na oração ousar
 
perco-me em sussurros 
à deriva do teu esboço
esguio esbelto
sempre em alvoroço
sem ter nem ser mais eu
porque me perco
em tua esquina sem remorso
 
a luz perdeu-se agora
tão fria, tão minha
tão sozinha minha amiga
como está carente

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