Haikai
Autor: Reirazinho on Tuesday, 28 March 2023Mar de ar contínuo,
brisa gelada no rosto.
Um vazio constante.
Mar de ar contínuo,
brisa gelada no rosto.
Um vazio constante.
a essência do poeta está na profusa teia de conceções que ele transmite através da sua imaginação; através das gestas requintadas que ele descreve aos seus leitores; através dum prolongado lazer que benfeitoriza o mundo derredor.
Minha haste finca na alma,
Presa na terra íngreme,
Soterrada na cruz que desalma
O sepulcro que se estremece.
Minha katana já não corta,
Inimigo não me teme,
Fui rasgado na faca torta,
E morto na vida tênue.
Sou samurai das mil sombras,
Nas catacumbas sou lembrado.
Não fui de seppuku ou sondas,
Fui de guerreiro a enterrado.
utilizo uma nomenclatura que me protege dos temporais; que atravessa as minhas contendas para me brindar com escritos basilares; que me liberta dos dissabores para que eu possa abranger uma sublime liberdade.
vale a pena contradizer a idolatria gerada pelo desespero que nos atormenta; vale a pena abolir as deambulações por roteiros que nos mobilizam contra a lucidez; vale a pena abraçar o regozijo que emerge da nossa razão.
Abertas no solilóquio do vento,
Abruptamente batem entre si,
Janelas batem pensamentos,
Por vezes frívolos, chocam-se.
A jovial janela interroga:
— Por que tão rígida és?
A outra responde na hora:
— Porque a chuva agride-me.
Sucinta e clara resposta
Por satisfeita ela cala.
‘’Por que a chuva e não a Lua?’’
Pensa a janela tapada.
hoje farei diferente
todos meus atos rotineiros
vou dormir após acordar
e comer no almoço o jantar
vou rir das pequenas tragédias
e lamentar as vitórias que perdi
vou me vangloriar pelas penúrias
e chorar pelas fáceis luxúrias
mas não se espantem comigo
por este desagravo ambíguo:
é somente uma reflexão
sobre a casualidade da vida