Nostalgia

Perdemo-nos por caminhos
Através do céu a vaguear
Somos amantes sozinhos
Não há volta a dar.
As mentiras que dissemos,
Só serviram para nos magoar,
E ao amor que nos propusemos,
Já não podemos voltar.
Na última vez que nos vimos
Senti que o Mundo parou
Já nada mais sentimos
Nenhum de nós sabe onde errou.
As nossas lágrimas foram perdidas
Foram com as correntes
São fotos vendidas
São almas ausentes.

Omenino que chora

Mutação atroz da espécie muda o canalha
olha entre grades o inocente menino da lagrima
engana-se o simples que esperava ver a navalha
quando o velhaco usa gravata e faz votos em Fátima.

Fala bem, veste bem é erudito o cabrão
ilude multidões de esperança com promessas vãs
sob sorrisos venenosos golpeia o coração
sádico, chupa o sangue já seco de almas sãs

Angaria vidas pelo buraco da urna
recebe votos caídos no escuro da confiança
comandou a praxe dos chulos da turma
e matou o futuro do menino logo à nascença

Clausura

Clausura
 
Sinto-me reerguer, 
hoje ao culminar
o dia em prantos 
desfigurando cada lágrima 
comprometida e pálida
caindo pela face,
redimindo a fé imensa
que meu canto resguardado
num eterno desenlace 
me amordace 
e fortaleça nos abraços teus,
depois de tanto embaraço
resisto ao desembargo vagabundo
dos trilhos que a vida leva
levada por tanta injustiça

Sei que vou chorar

Eu sei que vou chorar  cada vês que me lembrar da tua cara e dos teus olhos de amêndoa. Um sorriso lindo como se fosse  uma lenda.Sei que vou chorar para sempre o tempo não se repete. Sou libertino do presente e não sou crente, não acredito, não me quero assombrar. Sei que vou conseguir sarar esta ferida, vou estudar esta amarga fenda. As estações do ano vão passando, também o gelado do verão se derrete.

Penitência

Penitência
 
Ah, como o coração
às vezes tem este jeito imperfeito
de ser, até feroz
e ímpetuoso
nas possibilidades afectuosas
mas repleto de abstracção
tudo ilumina a quem lá mora
e depois lá se apaga no pavio da vida
quando nem refeito dos amores
se debruça no tédio do meu clamor
este coração já sem objecção
delimita-se entre fronteiras
de palavras que se arrebatam
escandalosamente

Por aqui...

Por aqui...
 
Por aqui onde as horas
passam tranquilamente
reverentes ao tédio que me assola
te envio servil todo eu
imperfeito que te espera
na noite desesperada
que esmorece do teu jeito
e anoitece ali onde se faz breu
 
Aqui onde o zénite do meio dia
mais aquece a penumbra
onde me escondo na afrodisia
dos beijos castos teus
rogo à minha fé uma esperança

Distúrbio

Perguntei-te três vezes o teu nome, 
Repetidamente, 
Sem dar-te espaço ou tempo para responder.
Nunca descobri o porquê da minha obsessão com o número três.
Talvez por este ser frequentemente associado ao equilibro,
Um paradoxo um tanto irónico, visto eu ser associado a tudo menos a isso.
Mas prontamente respondeste
E, por momentos, perdi a noção se estava ou não a constantemente mexer a minha perna.
Quando discutimos pela primeira vez,

Limbo

Não saber o que querer,
É como nadar no limbo da vontade, ou na falta dela,
Sem saber para onde ir.
Eu já não sei o que quero,
Quero querer alguém e já te quis a ti aqui.
Mas aqui já não se erguem muralhas,
Nem obstáculos que te impeçam de chegares até mim.
Querer-te aqui é viver diariamente numa luta com a ambiguidade, 
Porque se aqui estivesses, aqui seria perto demais 
Para alguém que tanto dano poderia provocar em mim,

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