insolencia

Insolencia

A poucas horas da esperança um sorriso passou  e tocou o vento
Outras almas curvaram-se e expetantes aguardaram o veredito
Ninguém ousou, até então desafiar assim, diretamente o tempo
Todos tinham medo do presente. O medo do eterno maldito

Que sorriso maluco, estrangulou a expetativa, deu a sentença
As outras horas fugiram para o túnel do passado de sentido único
Dos céus desceram raios, vieram ajudar em tamanha insolencia
das bocas os sorrisos se esconderam deixando para trás o louco

Aurora

Amanhece-me
Agora que o sol nasce
sinto o calor ausente do teu corpo
olho no espaço a tua ida
e na luz deste sol, choro
 a despedida,
deste ser vil ainda vivo
 quando já morto!
É na casa cinzenta da luz já gasta
neste coração de eco devolvido
que o sol bate e se afasta
 como tu e saber
antes de morrer
já ter partido!

Noutro lado qualquer

Ao lado, num lado qualquer....

Na mesa de pratos alinhados, ao centro da sala encoberta dos raios do sol teimoso deste outono tímido, ainda com cheiro a verão, quatro cadeiras vazias esperam serventia sob a sombra de amplos cortinados amarelo Alentejo, magestosamente pendidos,  ocultando as paredes seculares de taipa caiada .

prendas

Prendas
Ruas de luz, cores enfeitadas de esperança
é natal aprumam-se os sinos de bronze caíado
ofertas de sol tímido na mao de uma criança
escondem lagrimas nos lábios de um beijo calado

Enganam a alma  sorrisos em papel de embrulho
promessas oferecidas ocultam misérias presente
empenham-se vidas a dar um resto de  orgulho
de ser pai e mãe e juntos na tristeza estar contente

nao me esquecerei

Não me esquecerei de ti....

Perdemos-nos na batalha da vida
vivemos em silencio os entes que partem
nesta viagem calada somente de ida
somos restos dos pedaços que ficam

lembramo-nos de nós e de todos os outros
somos muito um rasto de cada um
recortamos nas cinzas sonhos aos poucos
e aos poucos nao somos nenhum

As vezes sentamos e choramos por eles
outras tentamos ser o que nao fomos
fragilidade cá dentro da alma que doi
comemos os restos da vida que somos

Bolina

Bolina

 

 

 

Nas límpidas águas do mundo profundo,

Viagem que a imaginação provocou,

Em sonho bravio, esperançoso, iracundo

Que o poderoso tempo levantou

 

Heróis que sobrevivem ao vento,

Em agitação fremente e lutadora,

Da liberdade soprada do momento,

Vida inconstante, poética, sonhadora

 

E mesmo que a maré os atinja,

Contrária, na paisagem assoladora,

Saberão livrar-se do que os precinja

 

E mesmo que a sorte lhes surja adversa,

MOMENTO

MOMENTOS

O coração chora
A alma reclama
E mesmo embalada nestra triste trama
Nos olhos há um triz de esperança

Insisto em acreditar
Neste algo que tudo se pode amar

Será que ao amanhecer
Esta crença tomará conta do meu ser
Ou num suspiro cansado
Mais um dia passará sem ter estado
Sem ter vivido,sem ter realmente amanhecido

Flavia Sorg

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