Indecifrável

Já era madrugada quando acordei assustado. O que havia acontecido nos dias anteriores me perturbava de tal maneira, que os meus pensamentos não me deixavam mais dormir. Uma mágoa atingia meu coração. Era um peso enorme e eu não conseguia me livrar desse peso de jeito nenhum. Fui até a sala sem fazer nenhum barulho e fiquei ali, sentado no sofá.

Amor, Viva esse espetáculo!

Cai feito gota de chuva,

Mas em poucos segundos suplanta todo mar.

É luz austera da vida

O canto vívido da esperança,

Que os passarinhos alegremente se põem a cantar,

Gozo pleno de uma paz infinda.

Sua fragrância excede a essência dos mais puros nardos

Os deuses da Grécia antiga se ardiam em ciúmes,

Por ser ele, louro, negro, ilibado;

De todos, maleável emprego.

Não se podemos medi-lo

Pela extensão territorial do universo;

A Ele foi presenteado o paraíso dos deleites,

O céu de todos os versos,

Saquinho de mágica

Corre, corre o saquinho de mágica...
Esparramando pó prateado de estrela ao vento,
Revelando magia,
Fazendo voar o pensamento.

Não tem coelho nem cenoura,
Tem cartolina e pincel colorido;
Recortada pela curva da tesoura,
Tem-se um mundo imaginário e infinito...

Sim salabim!
O saquinho não fica parado;
Tem mãos de criança,
Tem pés cruzados.

Quem aprendeu à mágica?
Dê um brado de alegria!
Pegue cartolina e pincel...

Náusea (memória a Sartre)

Rostos absurdos olham por sob sombras imperfeitas
À captura do erro perdido numa imagem acolhida,
Há muito ausente.

Anos vão e não voltam,
Doces melodias a volitar em caos,
Disforme na desordem,
Rosto decente a romper-se em chavelhos diabólicos.
Dama tempória
Tocada como cordas de violão desafinado.
Somo campos mortos nas esquinas vivas,
Palavras temporãs
Para que próximos as têmperas
Pousam breves brisas poéticas.

Passagens

A mão fresca da noite recém chovida
desliza as últimas gotas que sobraram
em meu corpo.
 
Depois, vem a calma
que sucede a eternidade
dos encontros fugazes.
 
A eternidade dos amores passageiros
que se consumaram entre as marés
na chama do momento sempre.
 
 
Produção e divulgação de YARA MONTENEGRO, do Rio de Janeiro, em Dezembro de 2013. Feliz 2014 para todos.

Alma Perdida

ALMA PERDIDA

Alma perdida é apenas uma sombra que flutua
Ligada em pecado no materialismo de outra geração
Hospedeira de um corpo, numa vida que não é a tua
Procuras o perdão, nos dias imaculados da redenção.

Nos âmbitos da lenta evolução, que tens vivido
Padecendo sem luz, no universo do teu mundo
Despertando em ti, horríveis instintos sem sentido
E uma mão cheia de nada, num pavor profundo.

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