O Último de Nós

Ainda que teus braços me afagassem

E no clamor da valsa me afogasse

No lago que em teus olhos habita

Sabíamos que da janela se avistava

Uma tempestade que já se espreitava

Na ferida onde a guerra grita.

 

Ainda me pergunto por que partiu

Onde foste quando o céu era anil

Quando o canto das andorinhas ecoou

Na calada da noite a brisa beija

A folha do álamo que se esgueira

Na porta em que bateu e não voltou

 

Nas paredes descascadas do tempo

Sangro fel no monólogo com o vento

Hoje Busco

Hoje busco

 

 

Hoje busco

o olhar vazio dos anjos

nas noites de Chernobil.

 

O fumo macio

dos cemitérios de asas

em tumulto…

 

A calma chama da lua cheia

chamando-me ao centro de ti:

Gravidade de beijo puro

Sangue valente que grita

na Carne-Ruptura imortal.

 

Não sou feito de ti

mas somos banhados

por punhos de luz semelhantes;

Sonhos barrados em mornos palácios

distantes.

 

Sento-me na canção do penhasco

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