A internet matou a arte

A internet assassinou a arte,
deixou em seu caixão o resto,
largou suas flores do fim
no funeral da criatividade.

A internet negando o ócio,
promove o neoliberalismo,
estamos sumindo como pó,
e a revolta se tornando pop.

Tudo é toda uma mesmice,
não tem algo surpreendente,
velamos um passado familiar,
num eterno retro futurístico.

Epokhé

"There, far remote, I shall lie unknown"
MACPHERSON, James "The Poems Of Ossian, The Son Of Fingal", 1762

Cris, Abyssus abyssum invocat.
Soleva ao hiperurânio. Maranata (*) -
- desitiva ou seráfica - refracta
Num balsedo. Em diaptose, o entretom mate -

- loesse flamispirante dum xamate.
Mas libra-se, epacmástico. Em sonata (1),
Pleroma d'asseidade que, mediata,
Grateia por um secesso (2) que dilate

Minha missão

Chacoalhar como um pandeiro,
estremecer como um bumbo
e dançar na loucura da vida:
minha missão nesse mundo.

Quero fazer do melancólico
uma piada de mal gosto,
quero ser um palhaço louco
rindo do ingênuo bucólico.

A vida é sobre o intérprete,
um filme sem roteiro,
talvez sem todos os atores,
uns rasgam, outros, vespeiro.

Enterro do cosmos

Meu destino é tentar suportar,
Um dia serei enterrado no cosmo,
as nebulosas ao pó me levarão.
O buraco negro sugará os ossos,
e então, o velório será estelar.
Nada jamais restará no mundo,
nem mesmo os meteoros desse.
Debruçado ao sofrimento,
abraçado a chuva de meteoros,
pesadas e tão dolorosas
apedrejando com tormento.
Hei de explodir com meteoritos
quebrando o meu universo.

Unifiquemos

Nesta minha fusão de sinalefas
Unifico dentre a morte à sílaba,
Polimerizo o que se vai nas levas,
De quem se foi e quem se unifica.

Mato o hiato da tinta e das penas,
No versar da poesia morrem lidas,
E lerão os versos voados nas tréguas
D’um soneto de frases sem as mínguas.

No fim, tudo é preso a conexão,
Retificado, grudado nas formas,
Mas para a vida, formas morrerão.

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