Aqui vou eu!
Autor: Kira on Monday, 2 December 2013Já num tom calmo e sereno, depois da prolongada corrida, as ideias voltam a fluir...
Já num tom calmo e sereno, depois da prolongada corrida, as ideias voltam a fluir...
Basta-me a música num momento mais duro, aquela que me faz viver longe daqui, a qualquer altura.
Só preciso de breves pensamentos para recordar todo um resto e vasto baú de memórias.
Efígie
Tua imagem não foge da minha mente,
Teu sorriso que de tão belo, brilha incandescente,
Seus bugalhos vorazes de cor fenomenal
Enleou-me o coração com tamanha emoção,
No âmago de meu ser vicejou uma canção
Que fez do meu mundo deveras desigual.
Queria tê-la somente por um minuto talvez
Tão bom seria que decerto requereria mais outra vez,
Di-la-ia o que sinto se fosse fácil a mim,
Exasperar-me-ia se fugiste de mim por ai
Seria um tolo se vivesse minha vida sem ti,
Ah! Quem não lembra quando na vez primeira
Sentou-se Joaquim tímido na carteira?
Aquele pedreiro cheirando a concreto,
Pai de família, modesto, analfabeto...
Perante o quadro negro todo encolhido,
Temendo o abecedário desconhecido.
Tão cuidadoso co`as folhas da cartilha,
Segurando-a qual sua primeira filha.
Com a língua no lápis molhando a ponta,
Repetindo as vogais sem qualquer conta.
No caderno a letra feia “destrilhada”
Feita no tremor da mão tão calejada.
Filho de mecenas, pária sapiente
Teus olhos são estrelas luminosas
Que no céu tristonho se vão saudosas!
E deixa-nos um negrume plangente.
Tu deixaste em mim, poeta, um rumor
Do grande ermo um acalanto fagueiro,
A lembrança de quem se fez guerreiro
Oprimido por tanto dissabor.
Em cismar vejo entre as trevas do véu
Da senhora que te ofertou a glória,
Teus sonhos humildes de poviléu.
Acabou-se tua mágoa irrisória...
Enfim amigo, tu cantas no céu
E divaga augusto na minha memória.
É um aperto que me dá e as lágrimas pela emoção não se conseguem conter. Não encontro palavras perfeitas face à tua perfeição!