Menina Mulher

Se me embebedo em seus olhos

É por que são inebriantes Sufocantes.

Quando sorri para mim

Sinto um calor na alma

Prurido de desejos insaciáveis.

Este sorriso meigo de menina

Esconde uma mulher.

Bela como o por do sol

Singela como o pássaro

Que entoa o hino das paixões.

Sutil como a bailarina

Que flutua em sua leveza de espírito.

Pura como a lua.

Minha lua.

Sorria menina,

Eu te vejo mulher

Que me encanta

E devora meus pensamentos.

Me vejo grande,

Sigo um rasto de multiplicação.

Sigo um rasto
de multiplicação.
Sei que me arrasto,
mas não posso dizer que não.

O que sigo e a vida.
E, infelizmente,
existe apenas uma saída.
Por isso sigo em frente.

Independentemente,
de ser singular ou não.
Aprendi que errar acertadamente
nos trará a mais certa conclusão.

Por isso vou errando,
uma vez em cada personalidade.
Faço-me macho, dançando o tango,
coberto por uma capa de falsidade.

Biodegradável

Biodegradável

 

O nariz trás o cheiro

Os ouvidos trazem o som

As mãos trazem marcas e cicatrizes

Os pés trazem caminhos percorridos

A boca trás diálogos, risos e beijos ardentes

Os olhos trazem imagens em movimento

O pensamento trás uma mulher

E o coração trás uma saudade biodegradável

 

Charles Silva

Jardim do Nunca

Jardim do Nunca

 

Estonteante Jardim do Nunca onde

eu em letargia de mim

grito cada verso que mordaça o íntimo.

 

Haverá sempre flores,

bocas, vogais que dormem e não calam,

novos símbolos a florescer em teu olhar,

ambos frágeis e cintilantes.

 

Jardim perdido em fogo,

arde sobre mim sobre ti em mim,

orvalho de cinzas em línguas de sílabas

flutuam desamparadas entre esquecer e falar.

 

Escrevo-me por paixões,

sopro em desespero vendavais internos,

Guepardos tristes

Choro de alvorada silva grito da manhã
É o que faz do homem um poeta
Posto na tecla macia de quem sob o coito falaz da montanha
Descansa junto aos brejos brancos do descuido.

Pus nos motores dos carros bravios em asfaltos negros,
Membros maus na cobiça do ego,
Os pés sangram as botas
Há quem o viu assim.
Vinho, dor, cópula e um ano quase natal...
Evoé!

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