o primeiro dia

os teus olhos só conheço

numa folha de papel

mas esse teu doce olhar

faz parecer ácido o mel

 

hoje o medo acabou

parece que é verdade

disseste-me o teu nome

eu chamei-te liberdade

 

já esqueci as avenidas

e ruas da cidade

onde tanto me perdi

onde estavas liberdade?

 

sei que não te posso ver

por seres mais livre que o ar

ninguém te pode prender

todos te querem amar

bairro mais alto

subindo o bairro mais alto

da Lisboa adormecida

um coração por roubar

e uma rima esquecida

 

poeta pudesse eu ser

num dia de revolução

para te oferecer um cravo

ou talvez uma canção

 

mas alguém chega primeiro

quase num sobressalto

e antes de eu te aprender

leva-te ao bairro mais alto

 

e da mão que se abria

para na tua se fechar

apenas lhe resta força

para o punho cerrar

o poeta

não confies no poeta

ele não te escreverá poemas

desenhará o teu nome

em todas as direcções

fará de ti o poema

não confies no poeta

irá vestir-te de palavras

rasgadas

o teu corpo nu será metáfora

não confies no poeta

ele despejará o amor

numa folha de guardanapo

inundada de letras

apressadas

numa qualquer esplanada

fria

não confies no poeta

o poeta não te ama

e é demasiado ingénuo

para perceber que sem querer

o faz

Sei-te no abraço...

Sei-te no abraço de ontem,
de hoje e dos que estão por vir,
os teus braços quando me envolvem,
ai amor tu fazes-me sentir,
coisas que eu não sei explicar,
porque os braços não falam,
vivem eles de apertos,
e quanto mais apertados se calam...

Sei-te...e sei-me a mim,
de nós dois só Deus sabe,
o tanto que vai no nosso enlace,
e quanto querer nele cabe...

Ártemis

NO VAZIO DO TEMPO...

NUM MUNDO DE ILUSÕES...

PERDIDA ESTOU.

SE SONHO COM O AMOR!

 E ELE  SE VAI!

EM BUSCA DE OUTRO?

TALVEZ...

QUE SINA ESTE AMAR!

EU NÃO SEI.

SE TE ACHEI PERDIDO...

SE JÁ O ENCONTREI!

MAS... AS ILUSÕES QUE VIVI...

JÁ SE FORAM.

POVOA MINHA VIDA, LEMBRANÇAS.

PERDIDAS, NO VAZIO DO TEMPO...

PERDIDAS.

HOJE EU SO QUERO...

Hoje, eu só quero coisas que me façam rir.

Boberinhas... Pode ser!

Não precisa ser humor pesado!

Nem o uso estraçalhado de alguém.

Quero sorrir, simplesmente!

Esquecer o que foi difícil.

Tornar-me fácil, talvez!

Se um sorriso em minha face brotar!

Levarás quase tudo que tenho!

Minh'alma desnuda de dor.

Uma paz... alegria...

Um amor.

 

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