A Um Mestre Sala Morto

A um Mestre-Sala Morto

 

A avenida agora está enormemente vazia e silenciosa

Refletores apagados. No chão, apenas alguns confetes

Olham silenciosas almas de pierrots, arlequins,valetes

E a descolorida bandeira que ontem tremulava graciosa.

 

O samba-enredo revelou-se pobre, perdeu a harmonia

De tanto, conseguiu fazer dolentemente calado o surdo

E o reco-reco, o tamborim e a cuíca – um naipe mudo

De há muito que estão sós e nus – perderam a fantasia.

 

AMANTES

Amantes

Ainda se podiam ouvir no ar as músicas natalinas. Lembro

Do vermelho vivo, botas e pom-pons dos bons papais-nóeis

E dos lindos presentes que te dei e recebi, coloridos papéis

Nosso Natal. Lembro muito bem – vinte e sete de dezembro.

 

Outra data linda – foi da obra prima da paixão um rascunho

Imortalizado na rosa, no beijo, no abraço, no fogo da cama

Nossa pele, nosso hálito, nosso prazer, nossa infinda chama

No nosso Dia dos Namorados – apenas só nosso 15 de junho.

 

Eu desejei e errei.

 

Eu desejei e errei.

 

Cheguei, onde sempre quis chegar,

Mesmo sem saber como ia chegar

Tendo apenas a certeza que iria!

E sem perceber ou ate mesmo sem saber como!

Eu estava lá,

Onde desejei!

Não nas formas que em minha mente fantasiava

Mas de forma real

Onde não pude perceber ha que hora tudo mudou.

Mas mudou, e reconhecer um desejo mesmo contrariado com ele!

Minhas formas eram diferentes e estar ali deveria ser feliz!

Pois sim, é uma vitoria.

Mas não vibrei.

Estranha sensação

Sentei-me no cimo da escada
numa noite de completa escuridão
senti-me inundada por uma magia
adormeci com essa sensação

Quando acordei olhei o mar
onde estava algo brilhante
que parecia chamar-me
por ser tão deslumbrante

Levantei-me e corri
para depressa lá chegar
até que no nada caí
já sem norte tentei planar

Quando o fundo avistei
fiquei tão apavorada
até que por fim acordei
e estava no fundo da escada

Luz Divina

Andei sem parar para te esquecer
Em caminhos desertos até me perder
Quando chegou a noite e já cansada de andar
Deitei-me na areia para descansar

Quando abri os olhos vi lá longe a brilhar
Uma luz tão forte capaz de cegar
Cerrei-os com força para não os ferir
Mas, algo mais forte os fez logo abrir  

Será que o que vejo é a luz divina
Que me vem buscar
Que me vai levar

Será que mereço a luz divina
Será que pequei
Quando não te amei

Não sei

Não sei para onde vou
quando estou a dormir
só sei que viajo no tempo
sem da minha cama sair

Sempre que penso na morte
e no que há para além dela
não sei se vou ter sorte
ou puro azar nela

Não sei o que é a vida
não sei o que é o tempo
só sei que estou a viver
por um breve momento

ACREDITE

                                       ACREDITE

Acredite, tenha fé, confie, Deus não decepciona!

   Não tenha vergonha de ser o que você é...

   A sua beleza está na sua diferença!

 

Autora: Madalena Cordeiro

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