Uma Mãe

Uma mulher caminha 
Na rua nua de amor
Ela põe a sua mão na minha 
E olha para mim na sua dor.
 
Fecha o rosto com as mãos 
Para chorar o vazio avassalador.
Enquanto uma lágrima corre nos olhos
Uma avassaladora dor.
 
Mãe que grita por dentro
Chora a amargura da guerra
Um filho mal agasalhado 
Parte para enfrentar a guerra
Que ele nunca jamais iria escolher.
 

A serenidade dos silêncios

Vi-me dentro da bolha dos ternos silêncios estáticos
Deixei a alma fundir-se com todos os lamentos axiomáticos
Deixei as palavras exprimirem sua raiva contida num uivo selvático
 
Na serenidade dos silêncios flutua a manhã convertida num eco apático
Perdido na serenidade do tempo esvai-se um segundo bravio e matemático

Banalização

Sei que é banal da vossa parte 
Desprezar o escritor e o poeta.
Mas, e se fosse crime 
Abandonar um poeta à sua pobreza humana
Se o poeta nunca vos abandonou,
Sozinhos na vossa ignorância profana.
 
Sei que acham banal assistir 
A coisas e a manter-se calados 
No canto porque foram educados a assistir
Mesmo a coisas que podessem ficar traumatizados
Quando o pai pedia que fossem educados
Quando ele fazia o sinal de silêncio.

Vida humana

A vida humana trasanda a falsidade

Como quem trasanda a ópio

Que distorce a verdade

Daqueles que são cegos ao óbvio,

Drogados numa crença 

São a sociedade critica 

Que vai atirar a primeira pedra.

 

Ter uma solução,

é como ter um bem sagrado ou precioso.

Num universo paralelo 

Onde os deuses se davam 

Com os homens e os homens

Não eram castigados pelo que pensavam

Havia respeito pelas suas ordens.

 

Palavras de línguas perdidas que os clérigos

Permanente

Permanentemente a mente mentem

Mentiras permanentes na evidência

Eventual da constante sobrevivência

da humana condição já demente.

 

A mente sabe desmentir à cara podre

a pobreza de raciocínio lógico

abafado pelo eco longínquo

do despertar para combater a hipocrisia

dos cruzadores de braços perpétuos.

 

Caímos na desgraça tão engraçada

de dar graças a seres invisíveis

graças à imaginação exagerada

de um idealismo de seres sensíveis

que tem poderes de cura para a felicidade

Cântico saturniano

Apresento o senhor do tempo
Aquele que consome os ossos
O regente da finalidade
A força motriz da decadência
Ele casa com os seres ábditos
Seu anel exprime os dedos dos homens
Sórdido criador do divórcio
Separa q vida com a morte
Terra seca, galhos quebrados e sangue
Carniça exposta, encruzilhada e lixo
São o banquete para ele
Devorador do amor e de tudo bom

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