Sísifo vive ao teu lao

Pegue-o antes que seja tarde
Traga-o a lucidez sem alarde
Um dia ele agradecerá Jó:
O da bíblia extenuado e só
Viverá pelejando abstinência
Ao berrar ao céu tua clemência

 

Puxe-o do sofrimento perene
E o jaz na crist(ã)lina pedra solene
A que desgraça Sísifo
Na absurdidade das rochas gastas

 

O silêncio que tudo diz

O silêncio sempre foi uma lei
Era uma espécie de verruga
Onde cada cutucada, uma praga
Gritava sob as entranhas d’alma
Passaram décadas e milênios
As necroses foram aumentando

‘’Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu bramido durante o dia todo.’’

O sol me congela em sua fervorosa
Resplandecência

Perdão

Tudo isso para não dizer o óbvio
Enclausurado no silêncio sepulcral
Ninguém nunca suspeitará
E eu nunca direi o que já foi
Um perdão? Compreensão? Tanto faz

Nada disso me grita ao oculto
Enterrado nos gritos alarmantes
Todos saberão do ocorrido
E eu direi sempre o presente tormento
Justiça? Rigidez? Tanto faz

 

Ideia de Deus

A sociedade é baseada no sofrimento.
Todos não dizem o nome dele,
Àquele cujas normas nos ditaram
Como viver, sofrer e glorificar.
Está em tudo, mas, ao mesmo tempo,
Em nada está.
Melancolicamente vivemos assim,
Enquanto nossa poeira não voar
às estrelas, não aprenderemos
a nos limpar.
Um eterno marasmo onde Você
Está só, pois experimentamos
a vida, enquanto experimentas
A eternidade do ser.

 

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