DESPEDIDA

DESPEDIDA

Cansei dos meus versos

Porque não quisestes lê-los

Juntarei todos os escritos

Em uma bandeja de prata

Que pertenceu a minha finada avó

E na lembrança da morta

Erguerei uma pira feita de poemas

Inflamados com os restos de uísque

Deixados em garrafas inacabadas.

Na minha dolorosa embriaguez

Beijarei tua fotografia, e... juro

Será esta a última vez

Tua foto então reacenderá o fogo

E embriagado assistirei a cremação

De tudo quanto me faz lembrar

Saudades de Mim

 

Em qual destes escuros e fechados cômodos

Esqueci a vontade de mim mesmo?

Onde estão as minhas mãos pueris e errantes

Quando preciso voltar a ser um mero principiante?

 

Distantes dos olhos adultos,

Bem e mal andavam juntos como iguais;

Aqui, fizéramo-los questão de separá-los

Assim como se separam dois irmãos

Dando-os para famílias diferentes.

 

Qual dos medos foi tão colossal

Que acabou se tornando maior do que a vida?

Eu sou o espelho; e quem vive, vive fora.

Sinto saudades;

Spoken word: Mulher...

 

Quantas peles te vestem,
quantas vidas tem a tua vida,
quantas vezes morreste e foste renascida,
pela força do teu ser...

Ninguém te conhece ao certo,
só tu sabes quem és,
o mundo que não te entende,
adormece aos teus pés...

Vives num tempo que é teu,
emprestas ao dia as horas,
às noites dás os minutos,
embrulhado nas auroras...

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