Abandono (revisado)

Ontem morreu a última das acácias.
Seguiu o destino dos outros abandonados.
Antes, foram alguns poemas,
algumas figuras, algumas cores.
Algum contentamento.

Na casa, nada mais ecoa.
Nenhum riso quebra o silêncio.
Tampouco algum choro,
pois estes secaram
como os rios que
os homens aterraram.

Os amores se foram.
Alguns lentamente.
Outros, com a urgência
de quem quer esquecer.
Deles, alguma lembrança ficou,
mas todos os rostos vão se fundindo
em apenas uma face distante.

A Ceifeira (INCOMPLETA)

............................................
    Porque é que te odeiam os homens se os levas
                 A um mundo melhor?
    Ó velha hospedeira da aldeia do nada,
    Tenho as malas promptas, vou breve partir.
    Prepara-me um quarto na tua pousada
    Que tenha a janella para o sul voltada
    E fontes á roda para eu dormir...

*DOENTE*

Podesse eu junto a mim--eternamente!--
Sentir roçar, meu bem! o teu vestido
E ó ventura! o teu bafo enfebrecido,
Teu doce olhar e o teu sorrir doente!

Caia do monte o cedro! a grande molle!
Que feneça a _herva prata_ lá no val--
Que me importa!--e qual é meu grande mal
Que morra o cedro, e a planta s'estiole!...

Mas tu, meu bem! mais bella que a _herva prata_
Banhada pelo orvalho transparente...
Não quero que te vás de mim, ingrata,
--Nem teu olhar, nem teu sorrir doente!

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