BÁRBARO
Autor: Rimbaud on Wednesday, 23 January 2013
Do estreito de índigo aos mares de Ossian, sobre o laranja e o rosa da areia
que banhou o céu bordô, acabam de subir e se cruzar bulevares de cristal
habitados de repente por jovens famílias pobres que se alimentam nas
Sinto que nada sou
E que nada vou ser
Pois para onde vou
Nunca chego a aparecer
Se apareço, logo desapareço
Como algo que não existe
Até eu, de mim me esqueço
Sou alguém que só assiste
Porque é que vivo
Se o meu corpo morreu
Para nada sirvo
Nem sei, quem sou eu
Qual a razão de tudo isto
Se sou o inverso
Porque é que existo
Neste mundo perverso
O meu corpo jaz
Transforma-se em pó...
Já estou em paz,
Mas continuo tão só...
Que são poetas, todos uns poetas!
Palavras aventadas como barro a parede,que soa a insulto!
Que associação existe entre o escritor e o indigente?
Entre o racional comtemplativo com um elemento a abater?
De que numa sociedade em crise surgem os juizos,a insana busca de um bode a pagar!
Assim se procura o culpado!
Porque não procuramos nós o herói ?
chegam já nuas ao meu corpo,
vestidas apenas de desejo,
essas mãos onde eu vejo,
o meu mundo remexer...
mãos que falam,
mãos que calam,
mãos que sabem tão bem ler,
as vontades do meu corpo,
que a boca não quer dizer...
Convencem os meus sentidos,
a entregar-se à paixão,
quando firmemente me tocam,
que deliciosa sensação...
O mundo vestiu-se de noite
eu de ti me vesti...
a lua entregou-se ao céu
e eu entreguei-me a ti...
por entre a escuridão lá fora
a vida se ia perdendo...
entre os teus braços, meu amor
para a vida eu ia nascendo...
refugiada em teu corpo
a madrugada espiava...
o desejo que corria louco
e que a pele incendiava...