A FRANCISCO CEZIMBRA

    Eu chegara de França uns quatro dias antes
    E via-me tão só n'um deserto sem fim,
    Lá deixara a alegria, amores, estudantes,
    Via a vida, aqui, negra adiante de mim.

    Que havia de fazer? Eu não tinha um desejo,
    Nada no mundo me podia estimular!
    Ai quantas vezes, ao passar junto do Tejo,
    Perdoa-me, Senhor! pensei em me afogar!

*A UMA ANDORINHA*

Nas brisas da tardinha
Pára teu vôo um pouco;
Ouve um poeta, um louco,
--Escuta-me andorinha!

Um pouco deixa os ninhos;
Attende as vãs loucuras,
--Tambem nas sepulturas
Vôam os passarinhos!

Nem sempre o azul ethereo
Quaes flexas vão cortando,
--Tambem riem, voando,
No chão do cemiterio!

Lavam os pés rosados
Nas urnas funeraes;
--Tu, mesmo, nos telhados
Moras das cathedraes!

AMOR, TÃO SINGULAR

Não sei falar direito
Mas sei dizer ...Te amo!
Sou pobre e tão pedinte
Ainda assim, eu não reclamo...

Ando a pé, eu suo, e fico sujo
Mas minha alma é alva como a lã.
Eu trabalho e ganho pouco
Ainda assim, minha mente é sã...

Não sei falar direito
Mas sei dizer...Te amo!
Sou feliz e um pouco feio
Ainda assim, eu não reclamo...

*www.prsantosmissao.blogspot.com

(Poemas, Poemas & Belos Textos)

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