*DUAS QUADRAS DE DIOGENES NO ALBUM DE LAIS*

Quando no meu o teu olhar se esquece,
A minha alma, mulher! é como um urso
Que dança pelas feiras, e obdece
Ao magro saltimbanco e ao seu discurso.

E os meus velhos desejos violentos
Soluçam--hystriões esfomeados!--
Como os gatos noturnos, friorentos,
Que miam lamentosos nos telhados.

A FRANCISCO CEZIMBRA

    Eu chegara de França uns quatro dias antes
    E via-me tão só n'um deserto sem fim,
    Lá deixara a alegria, amores, estudantes,
    Via a vida, aqui, negra adiante de mim.

    Que havia de fazer? Eu não tinha um desejo,
    Nada no mundo me podia estimular!
    Ai quantas vezes, ao passar junto do Tejo,
    Perdoa-me, Senhor! pensei em me afogar!

*A UMA ANDORINHA*

Nas brisas da tardinha
Pára teu vôo um pouco;
Ouve um poeta, um louco,
--Escuta-me andorinha!

Um pouco deixa os ninhos;
Attende as vãs loucuras,
--Tambem nas sepulturas
Vôam os passarinhos!

Nem sempre o azul ethereo
Quaes flexas vão cortando,
--Tambem riem, voando,
No chão do cemiterio!

Lavam os pés rosados
Nas urnas funeraes;
--Tu, mesmo, nos telhados
Moras das cathedraes!

Pages